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As heranças"ruins" de 2024
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Editorial opinião

As heranças"ruins" de 2024

É importante que algumas extravagâncias que marcaram a mudança nas administrações municipais do Brasil, e do Ceará em especial, não sejam ignoradas do debate político com a posse dos eleitos, que aconteceu no dia 1º de janeiro. Pelo contrário, parece maior a necessidade de discutirmos o cenário com a perspectiva de evitar sua repetição.

Há um quadro de desmonte, a partir de denúncias feitas em vários municípios pelos grupos que chegaram ao poder. Pode-se até dizer que isso, em parte, diz respeito ao teatro da política já que quem assume ancorado num discurso de críticas precisa respaldá-lo com a realidade encontrada. No entanto, a temporada eleitoral de 2024 deixou registros muito mais graves e é em relação a estes que precisamos nos manter atentos.

Os exemplos que merecem destaque especial no Ceará, no sentido negativo, envolvem as sucessões observadas em Santa Quitéria e Choró, a 222 km e 180 km, respectivamente, de Fortaleza. Nas duas situações os eleitos não tomaram posse por motivos que indicam suspeitas fortes de práticas criminosas envolvendo gestão ou candidato. Um dos eleitos foi preso e o outro só não o foi porque está foragido até hoje.

O pior de tudo é que há uma sensação de que os casos sob investigação que envolvem José Braga Barroso (o preso) e Bebeto Queiroz (o fugitivo) expõem um quadro potencialmente presente a outros municípios e outras gestões. A presença do crime organizado nas prefeituras, através de facções que desafiam hoje as nossas autoridades, está longe de ser um fenômeno apenas de Santa Quitéria. Da mesma forma que os indícios de desvios em recursos do Orçamento da União destinados a Choró indicam um problema frequentemente presente ao noticiário político como efeito de uma prática, infelizmente, recorrente.

Claro que não falamos apenas de política e, por exemplo, a presença nociva da criminalidade organizada estende-se atualmente aos setores mais variados da sociedade. Portanto, trata-se de uma luta a ser travada no cotidiano de todos nós e que será inútil caso permaneça circunscrita apenas aos eventos de uma temporada eleitoral.

É papel de quem investiga os casos, na Polícia e no Ministério Público, aprofundar sua ação para esclarecer o que houve de verdade, fundamentar as denúncias ou, eventualmente, esclarecê-las com o sentido de desfazer injustiças contra quem está acusado no momento. De outra parte, precisamos nos debruçar sobre os maus exemplos recentes para entender quais medidas preventivas parecem necessárias, se olhando para o futuro e os processos eleitorais que ainda estão por vir. Há uma longa caminhada a percorrer. n

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