Logo O POVO+
A capitulação de Mark Zuckerberg
Foto de Editorial
clique para exibir bio do colunista

O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública

Editorial opinião

A capitulação de Mark Zuckerberg

O fato é que o dono da Meta capitulou vergonhosamente à política de Donald Trump, que toma posse como presidente dos Estados Unidos no próximo dia 20 de janeiro
Tipo Opinião

A decisão do proprietário da Meta, Mark Zuckerberg, de acabar com a checagem de equipes profissionais no conteúdo das plataformas controladas pela empresa reverberou negativamente em todo o mundo. Somadas, três das plataformas administradas pela Meta, o Facebook, Instagram e Threads, alcançam 250 milhões de consumidores no Brasil, chegando a mais de 5 bilhões de usuários em todo o mundo.

Em lugar desse serviço, Zuckerberg afirmou que passaria a utilizar o sistema de "notas da comunidade", informações incluídas pelos próprios usuários, para avaliar o conteúdo. É o mesmo método utilizado pelo X, o antigo Twitter. Esse sistema é obviamente falho, e vai dificultar o combate às informações fraudulentas, chamadas de "fake news", e incentivar o discurso de ódio e a disseminação descontrolada de preconceitos de toda sorte.

Zuckerberg acusou as organizações de checagem de serem "politicamente tendenciosas", ou seja, permeáveis à censura. No entanto, a equipe de chegadores não é responsável por retirar o conteúdo das redes. O trabalho delas é analisar as informações publicadas, com instrumentos fornecidos pela Meta, a quem cabe decidir o que fazer, como explicou, em um post no X, Neil Brown, presidente do instituto Poynter, criador da Rede Internacional de Checadores.

O proprietário da Meta disse ainda que planeja trabalhar com Donald Trump para pressionar os governos ao redor do mundo, que estariam promovendo censura em conteúdos de redes sociais. A União Europeia, imediatamente, rejeitou "categoricamente", que a sua legislação promovesse qualquer tipo de censura.

A ousadia do bilionário chegou ao ponto de acusar "países latino-americanos de manter "tribunais secretos" para derrubar publicações", possível referência ao Brasil. Se for isso, errou o alvo. A Suprema Corte brasileira age à luz do dia, em concordância com as leis e a Constituição brasileira. O hábito de agir nas sombras é próprio das big techs, com a manipulação oculta de algoritmos. Ou envolvendo-se em grandes escândalos, como foi o caso da Cambridge Analytica, em que a Meta participou de uma operação criminosa para influenciar as eleições de 2016 nos Estados Unidos e também no Brexit, a saída da Inglaterra da União Europeia.

O fato é que o dono da Meta capitulou vergonhosamente à política de extrema direita de Donald Trump, que toma posse como presidente dos Estados Unidos no próximo dia 20 de janeiro. Nem foi preciso muita análise para chegar a essa conclusão. O próprio Trump gabou-se ao afirmar que as mudanças anunciadas por Zuckerberg foram "provavelmente motivadas" pelas ameaças que ele fez ao dono da Meta.

Os governos democráticos precisam reagir a essas intimidações. As grandes empresas de tecnologia têm como objetivo declarado demolir a soberania das nações, de modo a impor sua vontade e seus negócios, passando por cima das leis de cada País. E a resposta precisa ser vigorosa e urgente.

 

Foto do Editorial

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?