O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
Donald Trump toma posse hoje como 47º presidente dos Estados Unidos sob clima de apreensão generalizada, mas ainda mais forte do que oito anos atrás, quando se elegeu pela primeira vez para o comando do país.
A chegada do republicano ao posto antes ocupado pelo democrata Joe Biden demarca um novo momento global, com repercussão em todos os âmbitos. Na economia, por exemplo, Trump deve deflagrar um processo radical de desregulação interna combinada a um protecionismo severo, sobretudo em relação à disputa com a China.
O gigante asiático, aliás, é o item nº 1 no rol de preocupações do governo, como mostra a queda de braço que resultou no banimento da rede social TikTok em solo estadunidense. Essa guerra, no entanto, está apenas nos seus lances iniciais, visto que o magnata pretende endurecer as regras tributárias para fazer frente ao poderio chinês.
No campo das relações internacionais, o presidente oficialmente empossado nesta segunda-feira, 20, tende a estreitar as conexões com atores cujo ideário se aproxime do de Trump, a exemplo da Argentina de Javier Milei, que participa da cerimônia no Capitólio, usualmente reservada para embaixadores e sem presença de líderes de Estado.
Esse desenho político à direita deve favorecer regimes antidemocráticos no mundo inteiro, e não apenas aqueles sob raio de ação mais direto dos EUA. Trata-se de fato de uma coalização, que ganhou ainda mais octanagem após a adesão das big techs, com potencial para influir nas eleições de países como o Brasil, que volta às urnas em 2026 em momento diferente daquele de 2022.
Não à toa, o ex-mandatário Jair Bolsonaro (PL) acionou o Supremo duas vezes para tentar liberação do seu passaporte, de modo a participar do evento de consagração de Trump. Em ambas, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, negou os pedidos, alegando risco de fuga de Bolsonaro, que já havia admitido a possibilidade de se refugiar em alguma embaixada a fim de escapar de eventuais medidas judiciais aplicadas nos inquéritos dos quais é alvo. Em seu lugar, participa a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
No geral, como se vê, o retorno do populista à Casa Branca abre um leque de consequências imediatas, algumas já previstas, tal como a promessa de deportação em massa de imigrantes em situação irregular nos EUA. Atualmente, cerca de 2 milhões de brasileiros vivem nos EUA - 230 mil irregularmente. Segundo o Itamaraty, que emitiu alerta, o país do Norte é o principal destino de expatriados nativos.
Seja no âmbito climático, no qual Trump deve se retirar do Acordo de Paris novamente; seja no da saúde, com investidas negacionistas contra vacinas e pesquisas sobre temas importantes (Aids, Covid-19 etc.), a condução da superpotência abala decisivamente o cenário.
Some-se a isso o apoio declarado de Elon Musk e Mark Zuckerberg, que detêm juntos o controle de grande parte do ecossistema digital no planeta, e o que se descortina é um período de incertezas na esteira do qual o Brasil terá de calcular seus passos com inteligência e pragmatismo, mas jamais sem colocar em risco a sua soberania. n
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