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Uma vitória gigante
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Editorial opinião

Uma vitória gigante

Criou-se um clima de final de copa do mundo, levando a uma torcida avassaladora pelo filme. Agora, a indicação aos prêmios voltou a incendiar as plataformas, com direito a comemorações com a camisa verde-amarela

Foi gigante a vitória do filme Ainda Estou Aqui, que obteve a indicação para o Oscar de melhor filme e de melhor filme internacional, com Fernanda Torres indicada como melhor atriz. Representa a coroação da trajetória de um longa-metragem, como poucas vezes aconteceu no Brasil.

É um marco para o cinema nacional, pela primeira vez indicado ao Oscar de melhor filme (principal categoria da premiação). Além disso, é um momento histórico para os brasileiros, que viram retratado no cinema um período tenebroso da história recente, em que o País viveu sob um regime despótico.

Antes de chegar ao Oscar, a película já havia percorrido uma trajetória de sucesso, vencendo mais de uma dezena de prêmios internacionais. Entre eles, o Globo de Ouro (Fernanda Torres, melhor atriz em filme de drama), Festival de Veneza (melhor roteiro), Critics' Choice Awards (Fernanda Torres, melhor atriz estrangeira) e Vancouver International Film Festival e Festival de Mill Valley (filmes favoritos do público), entre outros. Observa-se, portanto, que a qualidade da obra é atestada por especialistas e pelo público, o que nem sempre ocorre.

A obra conseguiu fazer o que nenhum segmento político ao menos chegou perto de alcançar. Para usar um termo recorrente, a película "furou a bolha" que divide intransigentemente esquerda e direita no Brasil, levando mais três milhões e quinhentos mil espectadores às salas de cinema.

Uma tentativa de boicotar o filme, encabeçada por extremistas de direita, foi tão frustrante que os obrigou a recuar, pois investir contra a obra provocava efeito contrário. Além disso, mesmo nas redes sociais, onde os detratores costumam imperar, eles levaram uma surra, com uma avalanche de comentários defendendo a obra, superando muito os comentários desaprovadores.

Resumindo, criou-se um clima de final de copa do mundo, levando a uma torcida avassaladora pelo filme. Agora, a indicação aos prêmios voltou a incendiar as plataformas, com direito a comemorações com a camisa verde-amarela.

O filme apresentou a uma geração, que pouco ou nada conhecia dos sombrios anos em que a extrema direita sequestrou a democracia no Brasil, instalando uma brutal ditadura civil-militar no País. A máquina de ódio atingiu milhares de brasileiros, perseguidos, torturados e mortos pelas forças de segurança.

Esse foi o caso de Rubens Paiva, um "desaparecido", depois de ser detido por militares, em 1971, cuja morte somente foi reconhecida em 1996, depois da luta incessante de sua mulher, Eunice. Então deputado pelo PTB, Rubens foi massacrado nos porões do Doi-Codi, órgão de repressão da ditadura, no mesmo dia em que foi preso.

Essa é a história contada no filme de Walter Salles, pelos olhos sensíveis e firmes de Fernanda/Eunice, para que nunca se esqueça.

 

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