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Áreas verdes de Fortaleza em risco
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Editorial opinião

Áreas verdes de Fortaleza em risco

O prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão (PT), vetou o fim de uma área verde, aprovada nos últimos dias da gestão do ex-prefeito José Sarto (PDT). O terreno, medindo mais de 11 hectares, fica no Parque do Cocó, nas proximidades da avenida Santos Dumont, local valorizado de Fortaleza.

Ora desfeito, o projeto tinha como objetivo reduzir as regras de proteção ambiental, passando a permitir a construção de prédios residenciais e comerciais na área. Como a medida ainda não fora sancionada pelo antigo prefeito, foi possível a Evandro cancelar a decisão, recompondo o status original do local.

No entanto, existem projetos que foram aprovados pela Câmara Municipal de Fortaleza (CM For), e sancionados pelo ex-prefeito, tornando-se leis. Nesses casos, eventual mudança depende do envio de novas propostas à Câmara Municipal. Evandro garantiu que vai reavaliar também essa legislação.

Reportagem do POVO mostra que 16 áreas verdes na capital foram alvo de projetos de mudança de zoneamento ambiental, aprovados em dezembro de 2024 pela CMFor. As mudanças impactam pelo menos 13 bairros de uma Fortaleza que já perdeu mais de 80% de sua cobertura vegetal — e agora enfrenta novas investidas em desfavor do meio ambiente.

Pelo visto, além das dívidas que Sarto deixou para seu sucessor, segundo a administração atual, ainda aproveitou os últimos dias de gestão para legar uma herança de prejuízos ao meio ambiente.

Pode-se até argumentar que havia necessidade de fazer ajustes nessas áreas, frente às novas exigências urbanas, ou que as mudanças não provocariam danos irreparáveis ao meio ambiente. Ainda assim, não existe explicação razoável para que alterações de tamanha magnitude no zoneamento fossem realizadas de afogadilho, sem um debate mais amplo.

A responsabilidade não cabe apenas ao prefeito ou ao ex-prefeito, mas também aos vereadores, que ocupam o Legislativo justamente para defender os interesses da sociedade. Mas, pelo que se observa na reportagem do O POVO , a maioria dos vereadores defendeu que se reduzisse a proteção das áreas verdes. A reportagem registra que a aprovação das novas leis ocorreu de modo "relâmpago" e com "justificativas rasas" por parte
dos parlamentares.

É condenável que gestores, na atualidade, façam uma administração com as costas voltadas para as questões ecológicas. O aquecimento global, o aumento da temperatura, fenômenos climáticos cada vez mais violentos têm de ser considerados no planejamento urbano.

A garantia de Evandro de que vai rever essas decisões é bastante positiva, mas, lembrar, ele terá de remover dificuldades na sua própria base de apoio. A ver se prevalecerão os interesses da cidade ou as injunções políticas. n

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