
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
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O repasse anual do Governo do Ceará para o Instituto Dr. José Frota (IJF), principal hospital terciário do Estado com foco em trauma e ensino e pesquisa, passou de R$ 72 milhões para R$ 120 milhões. O anúncio do governador Elmano de Freitas (PT), na última semana, veio junto de justificativas: relatórios de saúde feitos pela nova gestão municipal de Fortaleza, sob o comando do prefeito Evandro Leitão (PT), davam conta do tamanho da dívida que uma das mais especializadas unidades de saúde cearense tem.
Ao longo dos últimos meses, entre a reta final das eleições municipais de 2024 e este janeiro, as informações sobre o débito do IJF variaram em alguns milhões de reais. Total já foi de R$ 100 milhões, passou para R$ 80 milhões, e hoje está na casa dos R$ 72 milhões. Valores englobam tanto dívidas mais antigas ainda pendentes como contratos atuais com fornecedores.
A escassez de dinheiro foi responsável por diversas ocorrências de falta de insumos básicos como esparadrapo e soro fisiológico, medicamentos como neosaldina e antibióticos, além do não pagamento de profissionais terceirizados (que compõem grande parte do quadro do hospital). Em uma quinta-feira de dezembro último, as alimentações de funcionários e pacientes não foram servidas. Em protesto, houve paralisação de alguns serviços.
O ano acabou com o Ministério Público do Ceará (MPCE) pedindo explicações após a Promotoria de Justiça de Fortaleza abrir um inquérito civil público para apurar denúncias.
A Justiça do Ceará chegou a dar prazo de até 72 horas para que a Prefeitura de Fortaleza se manifestasse sobre o desabastecimento, que afetava atendimento e recuperação dos pacientes. Muitos profissionais são contratados por cooperativas, principalmente ortopedistas e anestesistas, e o não pagamento dos contratos vigentes significa a não realização de cirurgias importantes.
O IJF sempre foi referência para todo o Estado, recebendo usuários do SUS dos mais distantes municípios. É catalisador da excelência, do que há de mais especializado, apesar das dificuldades históricas.
São 665 leitos de internação, 60 de UTI, 20 salas de cirurgia, 20 especilidades médicas em plantão 24 horas. Atende as mais diversas demandas.
O apoio do Governo do Estado deveria ter chegado antes para suturar a agonizante situação. Mesmo que o gestor à frente não fosse aliado do atual governador. Não eram necessários relatórios, a realidade já comprovava o caos no maior hospital cearense. A responsabilidade tripartide com a Saúde não pode ter viés político-partidário. n
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