O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
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Depois da queda no uso do Pix, a transferência bancária mais popular entre os brasileiros voltou a ganhar tração, aproximando-se da média histórica. O levantamento refere-se à pesquisa realizada entre os dias 16 a 27 de janeiro. No período, foram realizadas 1,9 bilhão de transferências, alta de 0,24% em relação ao mesmo intervalo de novembro. Entre os dias 1º a 15 de janeiro, a queda foi de 13,4% em relação a dezembro. Os dados são do Sistema de Pagamentos Instantâneo do Banco Central.
A queda nas transações aconteceu logo após uma onda de mentiras que se seguiu às alterações que o governo pretendia implementar no sistema de pagamento, sem prever a cobrança de nenhuma tarifa sobre as transferências.
Porém, quando foi anunciado que as medidas entrariam em vigor, seguiu-se um tsunami de mentiras, as chamadas "fake news", alegando que as transações passariam a ser taxadas.
Ao mesmo tempo, houve rejeição a outra medida do pacote, obrigando que as fintechs passassem a informar à Receita Federal transações a partir de determinado valor, exigência hoje restrita aos bancos tradicionais. Entendeu-se que a nova diretriz teria o objetivo de perseguir, principalmente os trabalhadores autônomos e os pequenos negócios.
Nas redes sociais, turbinadas pelas informações falsas, prevaleceu o entendimento que o governo queria "arrecadar mais". Na mistura de fatos verdadeiros (extensão às fintechs de obrigações antes restritas aos bancos tradicionais) e mentiras absolutas (cobrança de taxas), criou-se um ambiente tensionado, obrigando o governo a recuar, cancelando as mudanças.
Sem entrar no mérito das medidas, essa situação deve ser vista como um caso exemplar dos prejuízos irrecuperáveis que podem ser provocados por uma fake news.
Um deles é que as mentiras interditam o debate e tornam praticamente impossível a discussão sobre qualquer crítica pertinente, a que está sujeita qualquer proposta governamental. Toda a energia fica dispersa na tentativa de responder a absurdos gerados por interesses da pior espécie, particulares ou partidários.
Houve também prejuízos diretos à sociedade. A onda de desinformação despertou o interesse dos golpistas, que disparam falsos boletos cobrando o recolhimento de supostas taxas pelas transações no Pix. Em algumas situações, comerciantes passaram a cobrar preço mais alto no pagamento realizado com Pix, como forma de suprir taxas inexistentes.
As fake news têm características insidiosas pela forma emocional e agressiva como são apresentadas. Esses fatores conferem às mentiras enorme poder de difusão nas redes sociais, que os desmentidos — mesmo com argumentos sólidos e comprováveis — não conseguem alcançar.
Por isso, o debate sobre a regulamentação das plataformas digitais é cada vez mais urgente.
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