
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) aumentou em um ponto percentual a taxa de juros, elevando o índice para 13,25%. Foi a primeira reunião sob o comando do novo chefe do BC, Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um crítico acerbo dos juros altos. O resultado deu-se por unanimidade, em um colegiado também com maioria indicada por Lula.
Além do acréscimo na taxa Selic, o comunicado do Copom deixou aberta a possibilidade de nova alta na próxima reunião, em março. Segundo o informe, o futuro da taxa básica de juros dependerá do que acontecer na economia, mas lembra que serão tomadas medidas necessárias para garantir que a inflação fique dentro da meta programada para este ano.
O presidente, ao nomear Galípolo para chefiar o BC, disse que ele teria independência total para tomar as decisões que julgasse mais adequadas. O episódio de agora parece indicar que Lula cumpriu com a sua palavra.
Resta saber se ele ficou contente com a decisão de Galípolo, ou intimamente está lhe fazendo as mesmas críticas que dirigia a Roberto Campos Neto, o administrador anterior do BC, com o qual Lula conviveu às turras por dois anos.
O economista Ricardo Coimbra declarou a este jornal que a alta ocorreu como tentativa de "conter a perspectiva de crescimento da inflação", pois o mercado projeta excesso de meio ponto percentual ou "em alguns casos, até quase um ponto acima do teto da meta" deste ano.
Parágrafo único da lei complementar 179/2021, que determinou a autonomia do Banco Central, estabelece o seguinte: "Sem prejuízo de seu objetivo fundamental (assegurar a estabilidade dos preços), o Banco Central do Brasil também tem por objetivos zelar pela estabilidade e pela eficiência do sistema financeiro, suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego".
Ou seja, controlar a inflação não é a única tarefa a que o BC tem de se dedicar, mas procurar o equilíbrio entre as demandas que lhe competem, descritas em lei. A alta taxa de juros é uma queixa constante da indústria da construção civil, por exemplo. Entretanto, a crítica não se resume aos grandes empreendimentos; os pequenos negócios e microempresários individuais também sofrem com a alta taxa de juros.
Existe uma corrente de economistas que propõe rever a política de elevação constante da taxa básica de juros, o que estaria levando ao efeito da retroalimentação dessa política, sem apresentar o resultado desejado. Segundo essa tese, uma medida adequada seria aumentar a meta inflacionária deste ano de 3% para 4%, mas vista pelos críticos como tolerante com a inflação.
De qualquer modo, faria bem um amplo debate sobre o assunto pois, até agora, as políticas aplicadas vêm apresentando resultados medíocres, frente à magnitude dos problemas.
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