O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
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Dias após a posse, o presidente Donald Trump ordenou a suspensão imediata de toda a assistência estrangeira conferida pelos Estados Unidos. Com extensão de 90 dias, a medida objetiva avaliar os programas financiados pelo país e filtrar quais atendem aos interesses americanos. Nas palavras do Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio: "Cada dólar que gastamos, cada programa que financiamos e cada política que buscamos deve ser justificado com a resposta a três perguntas simples: Isso torna a América mais segura? Isso torna a América mais forte? Isso torna a América mais próspera?"
A ordem executiva preocupou organizações humanitárias de praticamente todas as esferas. Entre elas, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) que, em nota, alertou para as mais de 20 milhões de pessoas vivendo com HIV que recebem apoio direto do Plano de Emergência do Presidente dos EUA para o Alívio da Aids (Pepfar). Após pressão da Organização Mundial de Saúde (OMS), os EUA descongelaram o apoio financeiro voltado para as ações de combate ao HIV/Aids.
No entanto, o mundo está longe de uma vitória. A InterAction, principal aliança de ONGs internacionais e parceiros dos EUA, adverte que a interrupção de apoio financeiro e humanitário afeta ações "críticas" como a oferta de "água potável para bebês, educação básica para crianças, o fim do tráfico de meninas e a distribuição de medicamentos" para grupos em vulnerabilidade. "A ordem suspende programas que apoiam a liderança global da América e cria vazios perigosos que a China e os nossos adversários preencherão rapidamente", determina a entidade.
A América Latina, Brasil incluído, também é afetada pelo congelamento. Além de programas apoiados pelo Pepfar, outros incontáveis projetos independentes relacionados à liberdade de expressão sentiram o peso da decisão. Exemplo é o veículo independente Distintas Latitudes/Factual, que produz conteúdos jornalísticos sobre América Latina e o Caribe e apoia financeiramente jornalistas da região. Em nota, o grupo definiu o impacto como "devastador" e abriu campanha para receber doações de pessoas físicas.
É difícil enxergar tais projetos, da liberdade de expressão à garantia de direitos humanos de grupos minoritários, como de interesse do atual governo dos Estados Unidos. Para Trump, a "a indústria de ajuda externa e a burocracia dos EUA não estão alinhadas com os interesses americanos e, em muitos casos, são antitéticas aos valores americanos".
Resta ao mundo encontrar uma saída que reduza a dependência das vontades da Casa Branca. Mecanismos de ajuda humanitária devem estar acima dos interesses de grandes potências mundiais — como a Alemanha, com eleições neste fevereiro —, especialmente em um cenário político-econômico cada vez mais alinhado ao conservadorismo.
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