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O perigo da guerra comercial
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Editorial opinião

O perigo da guerra comercial

As consequências negativas dessa disputa serão suportadas por todo o mundo, em uma conta de resultado negativo

O mundo não era exatamente um exemplo de harmonia antes da posse de Donald Trump, porém, tornou-se mais conflituoso depois de sua ascensão à Presidência dos Estados Unidos da América (EUA).

Contrariando alguns analistas que viam a sua truculência apenas como "bravata" eleitoral, ele passou a implementar as propostas agressivas anunciadas em sua campanha.

Entre elas, a perseguição a imigrantes; retirada do país de acordos internacionais; suspensão de ajudas humanitárias e o perdão aos participantes do ataque ao Capitólio, em seis de janeiro de 2021, incluindo anistia a supremacistas brancos.

Trump também mudou radicalmente a forma de a Casa Branca fazer política internacional, recorrendo a métodos pouco diplomáticos, quando não violentos, inclusive ameaçando com invasão militar ou anexação de países soberanos, como é o caso do Panamá e do Canadá.

O aumento das tarifas aos produtos importados, que o presidente americano vem impondo a diversos países, chegou à China — o maior parceiro comercial dos Estados Unidos —, após ter atingido o México e o Canadá, que negociaram a suspensão provisória das medidas.

Havia muita especulação de como Pequim reagiria à taxação de 10% aos seus produtos. De início, aparentemente, o governo chinês havia optado pela prudência, levando o assunto à Organização Mundial do Comércio (OMC), onde um processo pode demorar anos para ter um desfecho.

Mas a China anunciou ontem medidas retaliatórias em resposta à Casa Branca, anunciando, a partir de 10 de fevereiro, aumento de tarifas variando entre 10% e 15%. Serão sobretaxados produtos americanos como gás natural liquefeito, petróleo, máquinas agrícolas e carros, entre outros.

Ao mesmo tempo, o governo chinês informou que investigará o Google, "diante das suspeitas" de que a plataforma de tecnologia "violou a lei antimonopólio da República Popular da China". O anúncio precede reunião que deverá ser realizada em breve entre o presidente chinês Xi Jinping e Trump.

Em artigo para o Financial Times, o jornalista Gideon Rachman escreve que o método Trump de fazer política vai estimular a formação de uma aliança antiamericana dos países prejudicados pelos EUA. Para ele, as táticas usadas pela Casa Branca "são profundamente perigosas" para os Estados Unidos e para os países que são alvos do aumento de tarifas. Para usar um chavão, Trump estaria dando um tiro no próprio pé.

Com a entrada da China na ciranda do aumento das tarifas está declarada uma guerra comercial aberta, pois envolve diretamente as duas maiores economias do planeta. E as consequências negativas dessa disputa serão suportadas por todo o mundo, em uma conta de resultado negativo. n

 

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