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Baixar a inflação é responsabilidade do governo
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Editorial opinião

Baixar a inflação é responsabilidade do governo

É injusto jogar a responsabilidade da alta no preço dos alimentos sobre as costas do consumidor

A inflação dos alimentos tornou-se a principal preocupação do Palácio do Planalto, pois atinge diretamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que vê crescer a desaprovação à forma como o País está sendo conduzido. O impacto parece ter deixado o governo desnorteado, levando a declarações atrapalhadas que pioram a situação.

Começou no mês passado, com o titular da Casa Civil, Rui Costa, dizendo que os ministérios fariam "um conjunto de intervenções" buscando baratear o preço dos alimentos. A declaração foi entendida como se o governo fosse apelar para alguma medida artificial, como o controle de preços. Nesse caso, o Planalto conseguiu agir rapidamente, negando qualquer possibilidade nesse sentido, conseguindo apagar o fogo antes que se alastrasse.

Agora, em entrevista às rádios baianas Metrópole e Sociedade, quando listava as medidas que estava tomando para evitar alta de preços, Lula criou nova controvérsia ao dar conselhos às pessoas sobre como deveriam agir ao fazer compras. Segundo o presidente, "o próprio povo" era um dos fatores mais importantes para manter os preços baixos se, ao fazer compras, optasse por trocar um produto caro por um similar mais barato.

"Uma das coisas mais importantes para que a gente possa controlar o preço é o próprio povo. Se você vai ao supermercado e desconfia que tal produto está caro, você não compra. Se todo mundo tiver essa consciência e não comprar aquilo que acha que está caro, quem está vendendo vai ter que baixar para vender, senão vai estragar", disse o presidente.

O problema é que Lula quer ensinar uma lição que há muito tempo os consumidores já conhecem, principalmente os de baixa renda. Basta frequentar um supermercado para conferir que a comparação de preços é largamente praticada, tornando-se mesmo uma cultura que acompanha quem vai às compras.

Além do mais, é injusto jogar a responsabilidade da inflação dos alimentos sobre as costas do consumidor, pois as principais causas que levam ao aumento de preços estão fora de seu controle. Quem dispõe dos instrumentos que podem ajudar a conter a alta nos custos é o governo, uma tarefa intransferível.

O fato é que essas declarações disparatadas ofuscam as medidas que o governo está tentando implementar para conter a inflação dos alimentos.

Segundo os especialistas, entre as causas do aumento dos preços estão a economia aquecida e a queda do desemprego, que elevam o consumo. Somam-se a alta do dólar (agora baixando), fenômenos climáticos extremos e até conflitos internacionais.

Assim, pelo que se observa, não será tarefa fácil conter os aumentos de preços e menos ainda fazê-los recuar, pelo menos a curto prazo. O presidente precisa agir, além de calibrar suas declarações.

 

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