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Sobretaxa sobre aço e alumínio vai atingir o Ceará
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Editorial opinião

Sobretaxa sobre aço e alumínio vai atingir o Ceará

Ao tempo em que os países devem manter prudência, não podem dar mostras de fraqueza, aceitando passivamente as imposições de Trump

A sobretaxa de 25% sobre as importações de aço e alumínio, imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vai impactar diretamente o Ceará. Como anotou reportagem na edição de ontem, os Estados Unidos são consumidores importantes das placas de aço produzidas no Complexo do Pecém, sendo o principal item da pauta de exportações do Estado. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Comércio e Serviços, o Ceará exportou RS$ 441,2 milhões em ferro fundido, ferro e aço aos EUA em 2024.

A reportagem lembra ainda que, no primeiro mandato de Trump, também foram anunciadas sobretaxas para o aço e o alumínio. No entanto, houve um acordo com os EUA, estabelecendo uma cota de importação sobre a qual não incidiria o aumento da tarifa, contemplando o Brasil e outros países na mesma situação.

Isso pode indicar que a ofensiva de Trump seja apenas um blefe para negociar em melhores condições. Tanto é que a ordem executiva que ele assinou terá validade apenas a partir do dia 4 de março. Nesse espaço de tempo, certamente, haverá negociação com os principais países exportadores, como o Brasil, Canadá e México. A propósito, para esses dois últimos países, Trump já havia ameaçado com o aumento de tarifas no início do mês, depois suspendeu a medida por 30 dias.

Assim sendo, é correto o comportamento do governo brasileiro evitando responder à verborragia agressiva de Trump, cujo objetivo é irritar seus adversários, levando-os para um terreno no qual ele tem vantagem. Qual seja, a disseminação de bravatas, informações falsas e provocações baratas, para depois vender-se como vencedor de disputas que chegariam ao mesmo termo se os acordos fossem feitos em termos civilizados. Portanto, qualquer resposta ou medida de reciprocidade só deve ser tomada depois de uma ação concreta do governo americano.

É ainda preciso considerar que a guerra comercial já iniciada tem um potencial destrutivo, que vai atingir também a quem começou a insana disputa tarifária, pois haverá respostas na mesma medida, como já está fazendo a China, a segunda maior economia do mundo. Especialistas apontam que, caso Trump insista nessa tática, haverá aumento de preços em seu país, com elevação do índice inflacionário.

As possíveis vantagens que terão os americanos com a guerra comercial, se houver alguma, não estarão disponíveis no curto prazo, porém o ônus será sentido imediatamente. Assim, o governo Trump tem de considerar em seu cálculo político o tempo que os americanos estão dispostos a esperar para colher os frutos prometidos.

A par dessa questão, os países — vale também para o Brasil —, ao tempo em que devem manter prudência, não podem dar mostras de fraqueza, aceitando passivamente as imposições de Trump. Eles têm de reagir, sem entrar no jogo espalhafatoso promovido pelo presidente dos Estados Unidos.

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