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O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
A sociedade precisa buscar meios de proteger melhor seus idosos, garantindo-lhes uma vida digna, segura e tranquila. Infelizmente, no caso cearense, há números e índices demonstrando que não lhes temos garantido o respeito de que se fazem merecedores, sendo o mais evidente deles o crescimento em 30,89% nos registros de violência contra este público no ano de 2024 na comparação direta com 2023. É o que mostram os dados disponibilizados pela Secretaria estadual de Direito Humanos.
O relatório, analisado por equipe de jornalistas do O POVO, aponta queixas apresentadas ao longo do ano passado pelas vítimas que envolvem situações de abuso financeiro, psicológico, patrimonial, institucional, sexual, físico e cárcere privado. Quase que não há exceção entre os crimes graves que o Código Penal prevê e determina punição. E, claro, um combate ostensivo.
Especialistas apontam para aspectos do quadro que terminam por agravá-lo ainda mais. Um mergulho nos mesmos dados indicam no perfil das vítimas a predominância de um gênero (mulher), uma raça (negra) e uma classe social (pobre), ou seja, tem como desenvolver programas de combate com foco prioritário no apoio àqueles (ou àquelas) que mais constantemente sofrem os efeitos do problema. No plano preventivo e, quando possível, que tenha como objetivo principal a antecipação.
Um outro ponto que exige atenção plena das autoridades é o trabalho com as famílias, no âmbito das quais registra-se uma parte boa dos casos denunciados, especialmente quando há abuso financeiro praticado contra aqueles que têm mais de 60 anos. Parece ainda mais desafiador lidar com uma situação que envolve pessoas de relação íntima entre si e onde o ato de acusação de um contra outro exige ainda mais desprendimento e, em geral, dá-se apenas em situações próximas ao limite do suportável.
Apenas dispor de uma legislação moderna e atenta, algo que o Estatuto do Idoso garante no Brasil, não basta para que tenhamos a realidade que é desejada. Trata-se de um ponto de partida, necessário, mas que exige uma série de outros passos que garantam eficácia concreta ao que a lei determina, em especial o funcionamento de estruturas de Estado que pareçam capazes de atuar em todas as fases, da conscientização recomendada, na linha preventiva, ao combate necessário, diante dos casos concretos registrados.
Não há política pública que funcione, precisamos ter consciência disso, sem que a própria sociedade se faça mobilizar pela causa. Os governos devem se sentir obrigados a criar e manter equipamentos que atendam às necessidades que a realidade cotidiana determina, mas, antes de tudo, precisamos fomentar entre nós a ideia de que o respeito ao idoso representa o passo inicial indispensável para termos um mundo melhor de viver. n
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