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Uma trégua perigosa
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Editorial opinião

Uma trégua perigosa

É uma situação complexa a ser enfrentada. Se houver essa aliança criminosa, as facções se fortalecem ainda mais; em não havendo, a situação continua tão difícil quanto é hoje

O anúncio de uma "trégua" entre as duas principais facções criminosas do Brasil, o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), é um alerta para que autoridades policiais e governos, federal e estaduais, redobrem os esforços que já vêm fazendo no combate a essas organizações. A informação desse possível acordo veio a público a partir de um relatório da Secretaria Nacional de Políticas Penais, vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, ao qual o programa Fantástico, da Rede Globo, teve acesso.

Reportagem publicada na edição de sábado do O POVO, assinada pelo jornalista Lucas Barbosa, identifica que, no Ceará, esse acordo do crime também está em andamento. O jornal teve acesso a um "salve" (comunicado), atribuído ao CV, informando sobre o "diálogo" entre as duas organizações para suspender as agressões entre elas "dentro e fora do sistema prisional".

O governador Elmano de Freitas (PT) reagiu de forma óbvia, declarando que, juntos ou separados, os grupos são "nossos inimigos", cabendo ao Estado "derrotar" e "extirpar" essas facções. Mas o que se espera é que o estado do Ceará e o governo federal estejam preparados para essa nova realidade, em vista dos objetivos dessa iniciativa criminosa, inclusive com urgentes ações preventivas nos presídios.

Observe-se que, pelas informações disponíveis até agora, os criminosos têm objetivos bem definidos, como fortalecer as organizações dentro das cadeias e, assim, aumentar a pressão por benefícios aos líderes encarcerados nos presídios federais, com o afrouxamento das regras rigorosas de funcionamento e a liberação de visitas íntimas.

Ainda existe o risco, segundo especialistas, de que, funcionando esse pacto, o acordo se amplie, provocando o aumento de fuga nos presídios. Além disso, ficaria mais fácil às facções criminosas organizarem ações conjuntas no tráfico, com o compartilhando rotas internacionais de drogas. Segundo o G1, o Ministério Público de São Paulo acompanha a movimentação para verificar se essa possibilidade.

Se agindo isoladamente esses grupos já têm alta periculosidade, unindo forças eles vão aumentar o seu poder, tornando ainda mais difícil desbaratá-los.

Não é exagero dizer que essas organizações criminosas avançam para confrontar diretamente o Estado, afora já terem iniciaram um processo de ocupação de espaço nas instituições públicas, inclusive na política, apoiando candidatos ou participando diretamente de eleições.

É uma situação complexa a ser enfrentada. Se houver essa aliança criminosa, as facções se fortalecem ainda mais. Em não havendo, a situação continua tão difícil quanto é hoje, e para a qual não se vê solução, pelo menos a curto prazo.

 

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