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Professores: valorização e licenciaturas
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Editorial opinião

Professores: valorização e licenciaturas

Os motivos são vários: baixa remuneração dos docentes, situação precária na estrutura de muitas escolas, carga horária excessiva, desvalorização da carreira, violência no ambiente de trabalho e trabalho estressante. É esse o cenário que, em parte, justifica a maior taxa de desistência dos professores na década. Estima-se, com isso, que, em 15 anos, não haja profissionais suficientes para lecionar na educação básica.

Por esse motivo, celebra-se que a busca por cursos de licenciaturas em Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) no Ceará tenha crescido em 2025. Como O POVO noticiou, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), a Universidade Federal do Ceará (UFC) e a Universidade Federal do Cariri (UFCA) registraram aumento na procura pelas licenciaturas. Pode ser um caminho para a retomada do interesse pela área docente.

Na UFC, o processo seletivo para cursos de docência indicou acréscimo de 32% na procura. Foram 9.397 estudantes em 2024 e 12.479 neste ano. Os cursos mais concorridos entre as Licenciaturas foram Pedagogia, História e Letras-Português.

Essa carência de professores já é sentida. Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), muitos estudantes concluíram o ano letivo de 2023 sem aulas de física ou sociologia com professores habilitados para ministrar essas disciplinas. Assim, as escolas remanejaram profissionais formados em outras áreas para suprir lacunas no Ensino Fundamental e no Ensino Médio. Não é obviamente o ideal, mas o improviso foi necessário para a conclusão dos anos letivos, mesmo sabendo do prejuízo na aprendizagem.

É certo que o Brasil vive uma crise nas licenciaturas, com um explícito desinteresse dos jovens em optar pela carreira docente. Vagas para os cursos de licenciatura existem, mas nem sempre todas são ocupadas. Outro problema diz respeito ao seguimento na profissão. Conforme ainda o Inep, um terço das pessoas que finalizam as licenciaturas atua na docência. As demais escolhem outros caminhos profissionais mesmo com o diploma de professor. A realidade é preocupante, visto que a educação, em algum momento, sentirá essa falta.

Na semana que passou, a Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) aprovou o reajuste salarial para o magistério da rede estadual: 6,27%. No âmbito nacional, o MEC lançou o programa Mais Professores para o Brasil, e um eixos é o Pé-de-Meia Licenciaturas, uma bolsa para incentivar a formação de novos professores, com um auxílio financeiro a estudantes de licenciatura.

Melhorar a atratividade da carreira docente passa por um salário decente, escolas bem equipadas, carga horária adequada e reformulações no currículo. Não são mudanças fáceis nem rápidas, mas que precisam ter início a fim de que a profissão de professor se torne mais interessante e a educação (pública principalmente) não seja comprometida em um futuro próximo.. n

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