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O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC) é ainda o principal equipamento do tipo no Ceará, uma vitrine também turística e ponto de atração do fluxo de visitantes, que o procuram como referência no mapa de uma cidade habituada a aterrar sua própria história. É levando-se essa trajetória em consideração que seu papel tem de ser discutido. A passagem de bastão no comando do Dragão é boa oportunidade para isso.
Por uma série de circunstâncias, inclusive políticas, a gestão do CDMAC foi saltando de mãos em mãos nos últimos anos, como se dá normalmente em fins de ciclo, episódios que costumam agravar problemas frequentes e nunca sanados.
Hoje, o gigante da Praia de Iracema está às voltas com dificuldades de toda ordem, nenhuma propriamente nova: de sua infraestrutura precária, que claudica a cada chuva, ao problema de falta de segurança do seu entorno, pelo qual não pode responder, o centro tem seu potencial limitado por um descuido continuado.
Somem-se a isso os desentendimentos entre Governo do Estado e Prefeitura de Fortaleza, à época sob a gestão de José Sarto (PDT), que resultaram em atrasos sucessivos na reforma da praça Almirante Saldanha, e tem-se um quadro de negligência que aprofundou suas fragilidades.
O visitante que o procurar neste momento vai se deparar com um outro Dragão, isolado em uma paisagem de obras sem fim, com programação errática e deficiências técnicas. Essa imagem contrasta com a pujança de um espaço que jamais se contentou com uma função confortável de centro de eventos, como outros tantos na capital cearense cujo orçamento captura uma gorda fatia daquilo que se destina para a cultura sem que pese sobre eles essa cobrança de que se conectem com a vizinhança.
Criado na década de 1990, o Dragão conjugou atividades formativas e de fruição, estreitando diálogo entre linguagens e se apresentando como combinação de praça pública e escola, com um mix de atividades (cinema, teatro, livraria, café etc.). Por suas características arquitetônicas tão particulares, consolidou-se a impressão de que está sempre aberto, articulando encontros numa metrópole escassa de opções.
Essa energia tem de ser reavivada, de modo a restituir ao CDMAC um protagonismo sem o qual uma região importante de Fortaleza perde relevância e vitalidade, exatamente porque o centro é vetor e indutor de frequência e ocupação. Espera-se, então, que o Dragão possa se beneficiar (administrativa e orçamentariamente) de uma conjunção política pretensamente favorável (o mesmo grupo no poder), diante da qual não se poderá alegar desculpas para eventuais contratempos em reformas ou na falta de segurança.
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