
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
Algumas datas marcam profundamente a forma de ser e viver. Março de 2020 é um desses momentos. Há cinco anos, quarentena, lockdown, telemedicina, pós-verdade, negacionismo, infodemia, home office e Covid-19 surgiram ou se intensificaram no cotidiano.
Os termos citados acima entraram em 2021 na sexta edição do "Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa" (Volp), elaborado pela Academia Brasileira de Letras (ABL). São parte dos 1.160 verbetes inseridos e compõem o total das 65 adições direta ou indiretamente relacionadas ao contexto pandêmico.
O avanço das infecções pelo Sars-Cov-2, o novo coronavírus, levou a humanidade para um mundo ainda não vivido — imaginado, talvez, somente nas distopias: uma pandemia no século XXI. Das palavras aos objetos, ações e sentimentos, todos são outros.
Que o digam os 715.488 brasileiros que morreram em decorrência da doença desde 2020 até o último dia 15, segundo dados do Ministério da Saúde; os mais de 39 milhões de casos registrados no País nesse período; os trabalhadores essenciais na linha de frente; o capacete Elmo; a corrida por desenvolver e disponibilizar vacinas; as consequências à saúde mental; a força cada vez mais significativa dos divulgadores científicos; os 80 pedidos de indiciamento ao fim da CPI da Covid, ainda sem respostas.
A Covid-19 também escancarou desigualdades sociais. Inúmeras vezes, este editorial e as reportagens do O POVO chamaram e chamam atenção à realidade de órfãos da pandemia, aos problemas nos sistemas de saúde quando precarizados, aos descompassos no ensino durante a adoção dos modelos remotos (e depois disso) e ao aumento da fome e da insegurança alimentar.
Avanços na ciência e mudanças positivas na sociedade se somam a ondas negacionistas e aprofundamentos de feridas sociais como partes da herança ambígua da doença. O contexto radicalizado e com perda de confianças permanece em diversas formas e globalmente.
O vírus segue circulando, como o da gripe e da dengue, e se transformando. Assim como houve a prevenção destes, é preciso a proteção daquele. A cobertura vacinal contra a Covid-19 no Brasil tem quedas progressivas conforme a dose avança e conforme a faixa etária diminui. É necessária vacinação disponível, orientada e incentivada.
Há ainda muito a entender e cuidar quando o assunto é a Covid longa, sintomas e sequelas que permanecem após o quadro agudo da doença.
Se o mundo está preparado para enfrentar uma possível e provável nova pandemia? Como afirmou Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, em dezembro passado ao lembrar os primeiros casos mundiais da Covid-19, sim e não. Aprendemos lições difíceis e avançamos, mas devemos encarar algumas vulnerabilidades e pontos fracos persistentes.
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