
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
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A falta de saneamento básico causou a internação de mais de 344 mil cidadãos em todo o País. O registro se refere a doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado no ano de 2024. Dessas, 168,7 mil estão relacionadas a algum tipo de infecção propagada por um inseto-vetor, principalmente a dengue. Em seguida, aparecem as doenças de transmissão feco-oral, que são transmitidas pelas fezes de um indivíduo infectado. Foram 163,8 mil casos. Podem ser citadas as gastroenterites causadas por vírus, bactérias ou parasitas.
Os dados fazem parte de estudo recente divulgado pelo Instituto Trata Brasil. A situação é preocupante porque escancara que a universalização do saneamento básico no Brasil reduziria consideravelmente a quantidade de internações e ajudaria a desafogar o SUS.
Além de todo o prejuízo que causa à saúde das pessoas, as internações por Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado (DRSAI) trariam redução à economia brasileira. De acordo com a pesquisa citada do Trata Brasil, uma diminuição nesses casos de internações ocasionaria uma economia de cerca de R$ 49,9 milhões aos cofres públicos. O custo por internação é de R$ 506,32.
Em algumas regiões, o cenário exige mais atenção. No Centro-Oeste, em 2024, a quantidade de internações foi a maior do Brasil (25,5) por causa do surto de dengue. Em pior situação estão os estados do Amapá (com incidência de 24,6 internações) e Rondônia (com 22,2 internações por dez mil habitantes).
O Nordeste indica uma taxa geral próxima da média brasileira, mas tem números negativos na análise de transmissões feco-orais. A região tem a segunda maior taxa de incidência do País (12,6 internações a cada dez mil habitantes. No Maranhão, por exemplo, essa taxa chegou a 42,5, ou seja, seis vezes mais do que a média brasileira.
É infelizmente aceitável que a ausência de saneamento básico adequado piora, de forma considerável, a vulnerabilidade para a infecção por vírus, bactérias ou parasitas eliminados nas fezes de uma pessoa doente. Além disso, contribuiu para as doenças que são transmitidas para outras pessoas principalmente pelo consumo de água e de alimentos contaminados e pela falta de higienização das mãos.
De acordo com o estudo do Instituto Trata Brasil, o avanço da oferta de água tratada e da coleta e tratamento de esgoto pode reduzir em cerca de 70% a taxa de internações do País. Também pode promover uma economia de R$ 49,9 milhões por ano.
O problema não é novo, mas exige sempre soluções que possam amenizar a situação dramática. A falta de saneamento agrava desigualdades, inclusive de gênero. Há mais internações de mulheres do que de homens, além de mais números de pretos e pardos internados. O avanço do saneamento significa melhoria na incidência de uma série de doenças, redução nos custos evitáveis e, sobretudo, mais dignidade para todos os cidadãos. n
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