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Lagoas sob risco em Fortaleza
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Editorial opinião

Lagoas sob risco em Fortaleza

A ocupação indevida, sem planejamento e sem licenciamento ambiental, afeta, de modo demasiado, a sobrevivência das lagoas, colocando em xeque a função primordial que elas têm de manter o equilíbrio natural

Reportagem publicada no O POVO mostra que as lagoas urbanas de Fortaleza têm desaparecido ao longo dos anos. Apesar da importância ambiental e climática que os reservatórios têm, há o registro de 10 lagoas aterradas na Capital. Isso é prejudicial para o meio ambiente e para a população em geral.

A informação é oriunda de uma pesquisa conduzida pelo geógrafo Lucas Emerson e orientada pelo professor Flávio Nascimento, da Universidade Federal do Ceará (UFC). Os pesquisadores também concluíram que, das 102 lagoas identificadas, 62 não têm proteção legal adequada. O referido estudo reforça a urgente necessidade de preservação desses corpos hídricos diante da escassez de áreas verdes e dos impactos negativos do seu desaparecimento.

Como O POVO apurou, há diversos impactos ambientais e urbanos que podem ser gerados a partir do aterramento das lagoas. Um deles é a alteração do escoamento natural da água da chuva, visto que uma das funções das lagoas é funcionar como área de retenção líquida. "Se a lagoa é aterrada, a água que antes seria absorvida vai ter de escoar para outros locais. Isso pode aumentar o risco de alagamentos e sobrecarregar o sistema de drenagem urbana, o que pode ser muito intenso em períodos de chuva", explica Lucas, que é mestre em Geografia pela UFC.

Na Lagoa da Parangaba, por exemplo, há alguns problemas recorrentes e explícitos, como a falta de segurança, com muitos trechos ao redor sem iluminação suficiente. A poluição e o esgoto também são visíveis e produzem aguapés. O lixo nos arredores é outro ponto negativo. Segundo os moradores, a limpeza não é regular. O abandono de animais é uma questão problemática. Gatos são deixados à beira da lagoa e ficam à mercê dos cuidados de moradores que se voluntariam.

É inegável que as lagoas desempenham um papel fundamental no equilíbrio ambiental de Fortaleza. Auxiliam na regulação do microclima e ajudam a reduzir a temperatura em áreas urbanizadas. Também funcionam como reservatórios naturais para absorver a água da chuva.

Assim, é preciso chamar a atenção para um problema que afeta a nós todos. A ocupação indevida, sem planejamento e sem licenciamento ambiental, afeta, de modo demasiado, a sobrevivência das lagoas, colocando em xeque a função primordial que elas têm de manter o equilíbrio natural. Além disso, a especulação imobiliária não pode se sobrepor à necessidade de preservação das lagoas.

Espera-se que o Município esteja atento a esses cuidados, informando à população e fiscalizando irregularidades ao redor das lagoas que possam afetar seu ciclo. Que o Plano Diretor municipal atualizado possa ser um instrumento legal de guiar o tratamento adequado para lagoas e demais áreas ambientais. n

 

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