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Democracia em baixa no mundo
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Editorial opinião

Democracia em baixa no mundo

Se Erdogan conseguir seu intento de afastar o seu principal concorrente nas eleições de 2028, será mais um golpe profundo na cambaleante democracia turca

A Turquia voltou às manchetes internacionais depois que as ruas foram tomadas em protesto contra a prisão do prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, provável adversário do presidente Recep Erdogan nas eleições de 2028.

Mesmo com a intervenção violenta da polícia está conseguindo conter as manifestações, que se repetem pelas ruas de várias cidades, inclusive na capital, Ancara. As prisões de manifestantes, 1.800 pessoas já foram detidas, também não arrefecem o ânimo da população. O país convive com sério problemas econômicos e uma inflação que gira em torno de 40% ao ano.

No Índice de Democracia Liberal, do Instituto V-Dem, a Turquia ocupa a 147ª posição, entre 179 países analisados, ficando entre os 20% com as piores classificações do ranking. Outras entidades de verificação de estágios democráticos tratam a Turquia como um "regime híbrido" (combinação de práticas autoritárias com democrática), regime iliberal ou simplesmente de regime autoritário, como descrevem relatórios da Freedom House.

Erdogan está no pode desde 2003, quando assumiu como primeiro-ministro. Cumprindo o ritual que leva um país da democracia ao autoritarismo, desde então ele se mantém no poder, usando manobras já aplicadas por outros autocratas, como Nicolás Maduro (Venezuela), Vladimir Putin (Rússia) e Viktor Orbán (Hungria) entre outros.

Mas a repressão recrudesceu, a partir do ano passado, quando seu partido sofreu uma grande derrota eleitoral, obtendo 35,5% dos votos em todo o país, enquanto a oposição ficava com 37,8%, elegendo prefeitos das duas principais cidades da Turquia, Ancara e Istambul, cujo prefeito, Ekrem Imamoglu, foi preso agora.

A acusação que pesa contra o oposicionista é de corrupção, porém o verdadeiro motivo é outro, considerando-se que o objetivo de Erdogan é manter-se no poder. Imamoglu apresenta-se como o único candidato capaz de derrotá-los nas eleições de 2028, como demonstram pesquisas realizadas no país.

Não resta dúvida de que a prisão do principal adversário de Erdogan, aprofunda o autoritarismo no País. É a mesma tática utilizada pelo líder venezuelano, Nicolás Maduro, que cassou a candidatura de todos os adversários mais competitivos e, mesmo assim, precisou fraudar as eleições para conseguir mais um mandato como presidente.

Se Erdogan alcançar seu intento, será mais um golpe profundo na cambaleante democracia turca, da qual dificilmente se recuperará. Segundo o índice divulgado em fevereiro, pela unidade de pesquisa da revista britânica The Economist, a democracia global atingiu o ponto mais baixo da série histórica, que começou a ser medido há 20 anos.

Esse é um problema que deveria preocupar democratas do mundo inteiro.

 

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