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Repúdio ao tarifaço de Trump une governo e oposição
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Repúdio ao tarifaço de Trump une governo e oposição

A nota dissonante ficou por conta do ex-presidente Jair Bolsonaro, que apoiou o tarifaço imposto pelos Estados Índios, defendendo a política americana

Donald Trump anunciou na quarta-feira o "tarifaço" que atingiu 60 países do mundo. As sobretaxas variam entre 10% e 50%, ficando o Brasil com o menor percentual. Portanto, a partir de agora, todo produto brasileiro que entrar nos Estados Unidos terá um acréscimo de 10% sobre o imposto já cobrado.

Mas as medidas de Trump produziram resultados que, talvez, ele não esperasse, ao iniciar o que muitos analistas estão chamando de "guerra comercial". Existe praticamente unanimidade entre economistas e líderes de todo o mundo sobre os malefícios dessa prática, inclusive para os Estados Unidos.

No entanto, o presidente americano não cede em seu propósito de tentar resolver os problemas de seu país por meio de uma política fadada ao fracasso, com impactos negativos em todo o mundo. Diplomatas brasileiros encarregados das negociações com representantes dos Estados Unidos dizem ter dificuldade no diálogo, pois Trump estaria cercado por "terraplanistas econômicos", segundo informou o G1.

Reações contrárias acontecem no mundo inteiro. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyenm, classificou as novas tarifas como um golpe para a economia global. Ela disse que a União Europeia prefere a negociação, mas avisou que o bloco está preparado para responder com medidas retaliatórias, caso não haja acordo com os EUA.

A postura do governo americano pode levar à aproximação de países asiáticos, como China, Japão e Coreia do Sul, com o apoio do Brics, como forma de contrapor-se aos planos de Trump. Ou seja, com uma única medida, o aumento exorbitante de tarifas, a Casa Branca está abrindo várias frentes de batalha, com as quais terá de lidar, o que não parece uma forma inteligente de fazer política, por mais poderoso que seja um país.

No Brasil, o que parecia impossível aconteceu. Governo e oposição chegaram a um acordo para aprovar o chamado "PL (projeto de lei) da Reciprocidade", após debates que demoraram apenas dois dias no Congresso Nacional.

A medida dá poderes ao governo brasileiro para responder a "medidas unilaterais" de outros países ou blocos econômicos que prejudiquem a competitividade internacional do Brasil. O projeto autoriza o governo a impor sobretaxas, suspender concessões comerciais e também as relacionadas a direitos de propriedade intelectual, incluindo a quebra de patentes.

A nota dissonante ficou por conta do ex-presidente Jair Bolsonaro, que apoiou o tarifaço imposto pelos Estados Unidos, defendendo a política de Trump. Além disso, criticou a possibilidade de que medidas semelhantes fossem adotadas pelo governo brasileiro.

Bolsonaro propõe uma "tentativa de acordo" com os EUA, o que a diplomacia brasileira já vem fazendo. Mas uma negociação somente chega a bom termo quando dois lados querem um acordo, o que não é o caso dos Estados Unidos. n

 

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