
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
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Uma cerimônia para marcar o fim de um treinamento para ingresso de policiais militares no 9º Batalhão de Ações Especializadas de Polícia (Baep), em São José do Rio Preto (SP), levou o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) a abrir investigações para apurar o episódio. O acontecimento foi gravado em vídeo pelos próprios PMs e divulgado no perfil do Baep em uma rede social.
Na filmagem, eles aparecem em frente a uma cruz em chamas, fazendo gestos que lembram a saudação nazista. A prática de atear fogo em cruzes remete à organização de extrema direita, supremacista branca, Ku Klux Klan, que atua nos Estados Unidos desde o século XIX.
Após a repercussão do caso, o Baep retirou o vídeo de circulação e a Polícia Militar (PM-SP) manifestou-se em nota oficial afirmando não ter havido "intenção de fazer associação com ideologias de natureza religiosa, racial ou política", garantindo que a PM também investigará o caso.
Na quarta-feira, o comandante do 9º batalhão do Baep, tenente-coronel José Thomaz Costa Júnior, também falou sobre o assunto. Ele disse que o único objetivo do ato foi representar a "vitória" dos formandos que estavam entrando na corporação, simbolizando "a vitória, sobre os sacrifícios, e o peso que doravante os policiais adquirem para honrar esse período de estágio".
O problema é que existe disseminada nas PMs uma cultura da violência, que contraria inclusive uma boa política de segurança pública. Não se nega, nem se poderia negar, às polícias o direito de usar a força proporcional a uma ameaça. No entanto, são comuns os casos em que essa linha é ultrapassada.
O Brasil é um dos países com as polícias mais letais do mundo. Ao mesmo tempo, é onde mais morrem policiais em serviço por existir relação entre uma situação e outra. Os policiais brasileiros matam mais do que 15 países do G20 somados.
Leve-se ainda em conta que aumenta a atuação de neonazistas em todo o mundo, causando preocupação às democracias, O fenômeno acontece inclusive no Brasil. Em abril do ano passado, autoridades brasileiras enviaram um comunicado à Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o crescimento de grupos neonazistas no País. Segundo o informe, no início de 2022 havia mais de 530 grupos extremistas espalhados por todas as regiões, conforme registrou a Agência Brasil.
Na França, Itália, Alemanha, a situação não é diferente. Nos Estados Unidos, o bilionário Elon Musk emulou orgulhosamente a saudação nazista em plena posse do presidente Donald Trump.
Assim, torna-se necessária uma boa explicação para o que aconteceu no interior de São Paulo, para punir eventuais responsáveis, em caso de culpa ou dolo. O que não é razoável é normalizar atitudes desse tipo por parte de quem tem o dever de
proteger a sociedade. n
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