
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
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A Praça de São Pedro, no Vaticano, que reunia milhares de fiéis a cada domingo, esperando pela mensagem e pelo aceno do papa Francisco, foi a mesma que congregou uma multidão de pessoas nesse sábado, 26/4, para prestar a última homenagem ao pontífice. Calcula-se que mais de 250 mil pessoas estiveram na Praça se despedindo do papa.
De lá, após a cerimônia com a Missa das Exéquias, o caixão com o corpo do papa foi levado até a Basílica de Santa Maria Maior, onde foi sepultado. A celebração foi conduzida pelo cardeal italiano Giovanni Battista Re, decano do Colégio dos Cardeais. Além da multidão na praça, dezenas de chefes de Estado, inclusive o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, participaram da cerimônia. A presença unida de vários líderes políticos, de posicionamentos divergentes, demonstra, além da liturgia institucional do cargo, que o papa tentou, em todo o seu mandato, promover a paz, combater as guerras e unir os povos.
O encontro das autoridades com pensamentos até contraditórios politicamente, em meio a guerras que ora ocorrem em lugares diversos do mundo, é um retrato representativo da promoção da paz pela qual o papa tanto lutou. A imagem do encontro reservado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na Basílica de São Pedro, pouco antes da cerimônia, é um registro marcante desse cenário. Nas redes sociais, Zelensky afirmou que essa reunião, ali no Vaticano, próximo do corpo do papa, foi "muito simbólica" e "tem potencial para se tornar histórica".
É mais uma prova de que o papa cumpriu sua missão evangélica até quando foi possível. E mesmo ali, quando parecia que não havia mais nada a fazer. Dialoga com o que disse o médico Sergio Alfieri, chefe da equipe médica que cuidava de Francisco: "Sabíamos que ele queria ir para casa para ser papa até o último momento. E ele não nos decepcionou".
O ritual desse sábado crava o fim da era Francisco, um período de 12 anos marcado pela abertura maior da Igreja a assuntos sensíveis, pelo diálogo do pontífice com líderes políticos de opiniões diversas e pelo posicionamento mais humanitário vindo de um chefe da Igreja. Não foi, porém, um caminho fácil. O papa foi criticado por vários setores mais conservadores da Igreja e não hesitou. Manteve o diálogo, inclusive se aproximando mais das pessoas, dos leigos em geral, expondo uma figura com defesa firme de certos pontos, mas com uma ternura sem igual.
Ao fim, Francisco foi sepultado com sapatos gastos, um par daqueles que o acompanharam em muitas missões. Nesse gesto aparentemente simples, mas radicalmente humilde, o papa expôs o seu pontificado. Ali são os sapatos que abraçaram os pés que visitaram palácios, castelos e embaixadas, mas, sobretudo, igrejas, favelas, presídios e hospitais. Ali há uma marca de pegadas de quem viveu o papado a abraçar o sofredor e acolher o angustiado.
A despedida de Francisco cumpriu os ritos habituais da Igreja, com um cerimonial cuidadoso e respeitoso. Mas a pedido dele em vida, não houve requinte. O papa que quis a Igreja de portas abertas e muros derrubados viveu o Evangelho de Cristo até seu momento final. n
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