
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
É de emocionar, até, a reação empolgada do cearense, nos últimos dias, com o registro de que o açude Orós voltou a sangrar, algo que não acontecia há 14 anos. Uma verdadeira multidão correu ao local, a partir da noite do último sábado, dia 26, assim que começaram a circular as notícias de que o evento histórico estava por acontecer, numa demonstração reafirmada da força de resistência da raiz cultural de um povo. Sem chamamento, sem nada organizado, num ato de pura espontaneidade.
A alegria proporcionada por tais momentos é única, ainda mais considerando que a última vez em que o emblemático reservatório experimentou situação semelhante foi no ano de 2011. Há muito tempo, portanto. Não há modernidade tecnológica ou ambiente de inovação que mude essa realidade, como fica novamente demonstrado pelo cenário que nos envolve hoje, agora. Coisa para ser comemorada de verdade, sem qualquer preocupação de estabelecer lado ideológico ou corrente partidária na perspectiva de buscar ganhadores ou interessados em tirar proveito, algo raro nestes dias de polarização em que tudo acaba transformado em objeto de disputa política.
O entusiasmo das autoridades e dos populares, tocante em vários aspectos, tem a ver com o que isso representa na vida real das famílias, garantindo água nas casas e nos estabelecimentos em geral por um tempo longo à frente, mas, num plano simbólico paralelo que entendemos de grande relevância, diz respeito a um valor cultural que nos acompanha uma geração após a outra. Sua valia mais forte, de verdade, está relacionada à capacidade que apresenta de atingir a alma de uma população.
O açude foi inaugurado em 1961 pelo presidente Juscelino Kubistchek, finalizando, num clima de grande festa para os cearenses, uma construção que havia sido iniciada ainda durante os governos de Epitácio Pessoa, entre 1919 e 1922. É uma obra gigante localizada no Centro Sul de nosso estado, com capacidade para armazenar 1,9 bilhão de m³ d'água, posicionando-se atrás apenas do Castanhão (em Jaguaribara), bem mais recente e que comporta 6,7 bilhões de m³. Os dois formam, junto aos açudes Araras (em Varjota), Banabuiú (em Banabuiú) e Figueiredo (em Alto Santo), o top 5 dos reservatórios cearenses.
As autoridades locais fizeram o que lhes cabia na adoção das providências necessárias para garantir condições mínimas de estadia às milhares de pessoas que correram ao local, na promoção do reencontro com o que temos de mais nosso. Apenas estar informado do que acontecia no Orós não bastava, era preciso testemunhar e, mais do que isso, comemorar. Nada mais cearense, e nordestino. n
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