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As mortes no trânsito e a educação que falta
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Editorial opinião

As mortes no trânsito e a educação que falta

É alarmante o dado extraído de levantamento da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), órgão da prefeitura de Fortaleza, que aponta um aumento expressivo de 17% no número de mortes por acidentes em 2024, na comparação direta com o ano anterior. Algo precisa ser feito a partir do que os números atestam, com o peso da objetividade que carregam.

A ACM apontou 184 pessoas que perderam suas vidas, ano passado, como vítimas de acidentes registrados no trânsito de Fortaleza. Para efeito comparativo, lembre-se que em 2023 a soma fora de 173, o que demonstra uma piora que as autoridades da área precisam estudar como esforço de entender suas causas e, a partir disso, estabelecer as mudanças de política necessárias para a reversão que todos esperamos.

É importante que o cenário seja enxergado sempre na perspectiva de estabelecer um maior grau de segurança para todos - motoristas, motociclistas e quem mais tiver a ver com o sistema que permite que circulemos pela cidade, na forma que seja. Contexto no qual surge a campanha Maio Amarelo, lançada pela prefeitura de Fortaleza junto com o anúncio dos números trágicos de acidentes e mortes no fechamento da temporada anual mais recente.

Deve-se, de início, mergulhar com um pouco mais de profundidade nos dados coletados. Por exemplo, o ponto em que os motociclistas respondem, como vítimas, por 55% das mortes registradas, contra 32% dos pedestres, 8% de ciclistas e 5% de ocupantes de veículos de quatro ou mais rodas.

Outros dados importantes sobre o perfil das vítimas: 80% são do sexo masculino, a faixa etária de 30 a 59 anos corresponde a 56% dos casos, seguida por pessoas com 18 a 29 anos (21%), acima de 60 anos (19%) e até 17 anos (4%). Entre os dois períodos houve aumento de 33% no número de mortes entre os usuários de motocicletas. Para pedestres e ciclistas, houve estabilidade.

O excesso de velocidade, que aparece como causa na maior parte das mortes no trânsito, deve ser o alvo principal das ações desenvolvidas ao longo de todo o mês, dentro da campanha recém-lançada. Um fenômeno que não é apenas de Fortaleza e, como mostra a Organização Mundial de Saúde (OMS), responde por cerca de um terço de todos casos fatais que ocorrem em países de alta renda e por metade delas em países de baixa e média renda.

A reversão desse quadro trágico exige mais do que apenas campanhas educativas ou de iniciativas originárias das forças do Estado, através de blitze e outras ações do gênero. Há uma parte que nos cabe, como sociedade, e parece impossível mudar esse cenário trágico sem um esforço de criar uma nova cultura nas ruas, com participação por igual de motoristas, motociclistas, ciclistas, pedestres, todos, enfim, para termos uma forma de convivência onde o limite de cada um esteja estabelecido pelo direito do outro. O certo é que sem uma nova educação para o trânsito, nada mudará. n

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