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Bolsonaristas voltam a fazer ato em Brasília
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Editorial opinião

Bolsonaristas voltam a fazer ato em Brasília

Anistiar quem tentou dar um golpe de Estado seria provocar uma ferida profunda na própria democracia

Mais uma manifestação pela anistia aos participantes do ato golpista de 8 de janeiro de 2023 será realizada nesta quarta-feira, desta vez em Brasília. O ato acontece na sequência de dois outros eventos públicos com o mesmo objetivo, ocorridos no Rio de Janeiro e em São Paulo. Ambos os encontros tiveram participação abaixo da previsão dos organizadores.

O protesto de hoje é cercado de expectativas, pois é a primeira atividade de massas convocada por bolsonaristas, em Brasília, após o violento atentado que depredou a sede dos Três Poderes.

Em consequência dos crimes cometidos, o Supremo Tribunal Federal (STF) já condenou 371 pessoas, responsabilizando outras 527, que admitiram crimes graves, fazendo acordo com o Ministério Público Federal.

Em uma rede social, o ex-presidente Jair Bolsonaro anotou que será realizada uma "caminhada pacífica em direção ao Congresso Nacional", e que ele estará presente, se estiver em boas condições de saúde, após a cirurgia a que se submeteu.

Considere-se um avanço importante o fato de Bolsonaro preconizar uma manifestação sem violência, diferente do 8 de janeiro, resultado de uma tentativa de golpe de Estado, urdida dentro do Palácio do Planalto, quando ele era presidente.

Um plano que previa inclusive o assassinato do então candidato eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, seu vice Geraldo Alckmin, e de um integrante do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

O ex-presidente e seus aliados vêm agindo em várias frentes na tentativa de aprovar um projeto de anistia para beneficiar os participantes do 8 de janeiro, sob a alegação de que muitos deles foram envolvidos supostamente sem entender a gravidade dos atos que praticavam.

No entanto, o objetivo final dos promotores dos eventos pela anistia é beneficiar Bolsonaro, que pretende escapar da inelegibilidade determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.

O ex-presidente pretende encontrar uma saída que possibilite a sua inscrição como candidato presidencial em 2026, atualmente impossível, pois sua inelegibilidade segue até 2030. Afora outros processos contra ele que tramitam no STF.

Com essa "caminhada" a oposição tem pelo menos dois objetivos: mostrar que o bolsonarismo tem poder de mobilização, e pressionar os parlamentares a aprovarem o projeto de anistia, tentando convencê-los que a proposta tem apoio popular, apesar de as pesquisas mostrarem o contrário.

Em um regime democrático, as manifestações pacíficas são asseguradas a todos os cidadãos e grupos políticos. No entanto, também é livre o direito de discordar de suas reivindicações. O que vale para este caso: anistiar quem tentou dar um golpe de Estado seria provocar uma ferida profunda na própria democracia.

 

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