
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
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O aumento da taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, com o Comitê de Política Monetária (Copom) elevando-a a 14,75% ao ano, mostra nada mudou em relação à troca do presidente do Banco Central (BC). A propósito, o aumento já era esperado por analistas econômicos e pelo mercado financeiro.
Antes, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, culpava o ex-presidente do BC, Roberto Campos Neto, criticando-o acidamente pela alta taxa de juros, sugerindo que haveria ligações dele com o ex-presidente Jair Bolsonaro, que o nomeara.
Entretanto, com Gabriel Galípolo, nomeado por Lula, a taxa chegou ao seu mais alto patamar, desde 2006. O problema, portanto, pelo que se pode observar, não era Campos Neto, mas um entendimento dos técnicos do BC, que decidiram aumentar a taxa por unanimidade. É o terceiro aumento desde o início de 2025, quando começou a administração de Galípolo.
Na elevação de janeiro, a ministra das Relações Institucionais da Presidência da República, Gleisi Hoffmann, então presidente do PT, disse que a taxa já estava “determinada” e que Galípolo nada poderia fazer. As críticas do governo concentram-se agora na elevação da taxa Selic, evitando críticas diretas a ao presidente do BC.
Quanto ao comunicado do Banco Central, emitido logo após a reunião, não houve indicativo de que a taxa será mantida, se haverá novo aumento ou uma eventual redução no próximo encontro do Copom. As possibilidades ficaram abertas.
Pelo menos foi isso que os especialistas puderam “traduzir” da linguagem cifrada, própria desses comunicados, anotando que a conjuntura “demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação”.
Críticas abertas à decisão do BC partiram do setor empresarial. Em nota oficial, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) destacou que o aumento da Selic “impõe um fardo ainda mais pesado à economia”. A mesma queixa partiu de entidades ligadas ao comércio e das centrais sindicais.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) anotou que a elevação da taxa básica, “reforça o aperto econômico da população”, ressaltando que o BC não deixou claro se o ciclo de altas estava encerrado. A Força Sindical manifestou-se com críticas no mesmo sentido.
Se o BC manifestou indecisão sobre o que fará na próxima reunião do Copom, seria pertinente que ouvisse outros setores da sociedade, além daqueles que veem aumento da taxa de juros como remédio único para regular a economia.
É preciso levar em conta que o mandato do Banco Central independente inclui também a obrigação de fomentar o pleno emprego.
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