Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Foto: Thais Mesquita
 Governador Camilo Santana: muita política no cardápio de 2022
O PT filia hoje pelo menos 12 prefeitos, atraídos de partidos diversos. Se tornará a maior força política entre prefeituras do Ceará, depois do PDT. Depois dos Ferreira Gomes. O governador Camilo Santana tem se voltado como raras vezes para as movimentações dentro do partido.
Interessante notar quem era Camilo ao chegar ao poder em janeiro de 2015. Era um produto do laboratório político dos Ferreira Gomes. Tímido, sem grande oratória, não propriamente carismático, sem liderança própria. Escolhido ele como poderia ter sido uma das tantas outras alternativas. Uma incógnita sobre como daria continuidade ao ciclo Ferreira Gomes, numa época de crise nacional do PT e com a oposição em ascensão, na época com Capitão Wagner (Pros), Eunício Oliveira (MDB) e Tasso Jereissati (PSDB).
Naquela época, era impensável Camilo sem os Ferreira Gomes. O governador era pouco mais que um apêndice. Hoje, o governador é maior que os Ferreira Gomes. Mais popular, sem dúvida. Daquela oposição fortalecida, Eunício e Tasso hoje estão com ele. O rumo que deu aos Ferreira Gomes foi de muito mais conciliação, em contraponto ao estilo conflituoso dos irmãos, sobretudo na fase final de Cid Gomes. Em que Camilo é menor que os Ferreira Gomes? No poder político. Não tem um grupo claro e organizado. Não controla nem o próprio partido. Camilo deixa o governo, provavelmente, dentro de dois meses e meio. E demonstra que quer mudar isso no tempo que lhe resta no cargo.
O primeiro movimento foi emplacar Ilário Marques como secretário de José Sarto (PDT). Filiação de prefeitos e deputados reforça esse peso. A correlação interna do PT muda. É a maior mudança no Ceará pelo menos desde a primeira eleição de Lula, quando as adesões foram várias. Haverá outros movimentos.
O objetivo não é afrontar os Ferreira Gomes. Pelo contrário, tudo está acertado mutuamente. Todavia, ao assegurar o PT na aliança e ter o partido mais “sob controle”, Camilo ganha força nas conversas com os irmãos. Se fortalece para a própria sucessão.
O governador no jogo do PT
Camilo até hoje nunca soube bem jogar o jogo do PT. Tentou, mas nunca foi muito bem sucedido. Interessante lembrar: em 2012, ele era uma das alternativas com as quais Cid acenava para Luizianne Lins para que fosse candidato a prefeito de Fortaleza. Ela entendia que a escolha seria entregar a Prefeitura a Cid. Mais que isso, não abria mão de ser ela a indicar. O nome foi Elmano de Freitas — e, vale lembrar, Camilo fez campanha para ele e contra Roberto Cláudio. Seguiu a orientação do partido. Em 2014, o campo petista no qual Camilo estava não queria o governo. Pretendia indicar José Guimarães a senador. Mas, Cid pensou diferente e Camilo virou governador. Em 2016, ele trabalhou para PT e PDT se aliarem em Fortaleza, sem sucesso. Em 2018 se reelegeu e, mais forte, voltou a trabalhar pela aliança em 2020. Até com movimentos mais contundentes. Também não deu.
O governador se revelou um articulador político de mão cheia, menos no que se refere ao próprio partido. Ele parece ter dificuldade de lidar com a dinâmica interna, os foros, as instâncias. (Os Ferreira Gomes também nunca entenderam bem como lidar com a engrenagem. Por isso dependem sempre de entendimentos com Guimarães e seu grupo, que entendem como ninguém essa lógica.)
Os movimentos de Camilo tendem a transformar o PT no Ceará. A mudança começa em Fortaleza. Já há reações.
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