Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Jair Bolsonaro (PL) esteve nesta quinta-feira, 11, em Fortaleza para impulsionar o voto no deputado André Fernandes, pré-candidato do PL a prefeito de Fortaleza. Nas eleições de 2020 para prefeito e 2022 para governador, Capitão Wagner (União Brasil) era o candidato do ex-presidente, cujo nome, entretanto, evitava dizer. A imagem de Bolsonaro atrai muito voto no Ceará, mas talvez afaste ainda mais. Wagner já era forte em 2016, antes de Bolsonaro ser protagonista no plano nacional. Porém, muito do que viria a ser o voto bolsonarista já estava com ele. Em disputas que envolviam PT e PDT, não era como se o voto conservador tivesse opção. Com Fernandes explicitamente abraçado a Bolsonaro, esse voto em Wagner fica certamente prejudicado.
O Capitão tem alguns caminhos a percorrer. Uma opção seria brigar pelo voto conservador. A disputa, hoje, ainda tem o senador Luis Eduardo Girão (Novo), que gastou o inglês na tribuna do Senado para saudar Elon Musk. Não será fácil segurar o voto bolsonarista com o próprio Bolsonaro empenhado na campanha pelo PL.
Outro caminho é buscar o voto de centro, esse espaço que tem sido povoado com pouca qualidade. Em Fortaleza, de um lado está a candidatura do PT, encaminhada para Evandro Leitão. No campo conservador estão Wagner, Fernandes e Girão. Mais ao centro está o prefeito José Sarto (PDT), num partido de centro-esquerda que faz acenos aos conservadores em Fortaleza. Sem espaço à direita, Wagner pode achar aí o melhor espaço para se encaixar. Disputa diretamente com Sarto, para quem a gestão é o trunfo, mas também gera desgaste. Não é difícil para Wagner falar a esse público e se diferenciar do prefeito.
Na quarta-feira, 10, o União Brasil orientou voto pela soltura de Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), deputado federal acusado de ser mandante do assassinato de Marielle Franco. A deputada federal Dayany Bittencourt, casada com Wagner, votou para mantê-lo preso. É uma demarcação da família em relação ao bolsonarismo.
Além disso, Wagner também se manifestou nas redes sociais em defesa de Luizianne Lins na disputa interna do PT. A boa relação entre eles é de longa data, remonta a 2012. O ex-deputado, assim como outros adversários do PT, posicionaram-se a favor de Luizianne na disputa interna já enxergando fator de desgaste para Evandro.
É uma dúvida se o eleitor de Luizianne votará no presidente da Assembleia Legislativa caso ele seja confirmado candidato a prefeito. Sem alternativas competitivas na esquerda, esse público pode anular o voto, optar pelo prefeito Sarto ou, quem sabe, Wagner consegue atrair alguns.
Potencial de centro
Wagner nunca foi um extremista, mas o distanciamento do bolsonarismo pode levá-lo a posição mais moderada. Nos últimos anos, várias candidaturas buscaram furar a polarização entre petismo e bolsonarismo. Em 2020, Sarto foi um exemplo bem-sucedido. A eleição ao confrontar a máquina da Prefeitura contra a do Estado pode propiciar o cenário adequado ao discurso de Wagner — ou polarizar de vez a disputa, excluindo outros nomes do espaço competitivo.
Placar de Brazão
A prisão de Chiquinho Brazão foi confirmada por 277 votos na Câmara. Era necessária a maioria dos 513 deputados. Houve, 20 votos além dos 257 necessários. Para o sujeito acusado de ser mandante da brutal execução de uma vereadora e do motorista dela, foi um placar muito apertado. Resultado da união do centrão com o bolsonarismo, que inacreditavelmente resolveu misturar o assunto com sua guerra contra Alexandre de Moraes e o Supremo Tribunal Federal (STF).
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