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É melhor alinhar ou desalinhar?
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

É melhor alinhar ou desalinhar?

Os discursos, na política do Ceará, balançam conforme as conveniências
Tipo Opinião
PREFEITO Sarto cumprimenta o governador Elmano de Freitas (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES PREFEITO Sarto cumprimenta o governador Elmano de Freitas

O discurso contra ou a favor do alinhamento político dos entes administrativos é manobrado conforme conveniências. Até 2004, a esquerda dizia que era muito poder concentrado ter Prefeitura e Estado nas mesmas mãos. Em 2008, na reeleição de Luizianne Lins (PT), o discurso era de “Fortaleza três vezes mais forte”, com Lula e o então governador Cid Gomes (PSB). Em 2012, Roberto Cláudio era o candidato que pregava os benefícios da parceria administrativa, e o PT reclamava de hegemonia. Hoje, o prefeito José Sarto (PDT) prega que Fortaleza é anti-hegemonia, enquanto o PT busca colocar Prefeitura, Estado e Governo Federal sob controle do mesmo partido. O eleitor é quem decide, é o discurso de agora. Bem, sempre é, mas cada partido tenta convencer o eleitor a decidir em proveito próprio.

Quando se vê o nível de partidarização com que foi tratado o brutal assassinato no IJF, nesta semana, até é o caso de se dar razão a quem critica a concentração de poder. Afinal, olha quanta coisa ficou abafada durante uma década de composição política. Os ex-aliados agora expõem como os piores absurdos coisas que já eram problemáticas, mas sobre as quais nunca haviam falado.

Ao mesmo tempo, o nível rasteiro e politiqueiro do debate depõe muito contra a ideia de um antagonismo saudável e maduro.

Méritos e deméritos

Por falar na peleja entre Estado e Prefeitura, na celebração do aniversário de Fortaleza na semana passada, na Assembleia Legislativa, o prefeito Sarto falou do orgulho por a cidade ter o maior PIB do Nordeste. Opositor, o deputado De Assis Diniz (PT) pontuou que é, sim, o maior PIB, mas também a terceira mais desigual. Tudo verdade.

Mas, é bom lembrar. Fortaleza não se tornou o maior PIB do Nordeste do atual ciclo, com Sarto, nem mesmo com Roberto Cláudio (PDT). Em 2012, já tinha essa condição, quando Luizianne Lins (PT) se despediu. De lá para cá, chegou a perder o posto para Salvador, mas recuperou.

Também vale salientar que a desigualdade não começou agora. Já existia, e era grande, quando o PT estava no poder. Chegou a cair nos primeiros anos de Roberto Cláudio e hoje está maior, conforme o índice de Gini, que mede a desigualdade.

Polarização

A operação que prendeu três vereadores por vínculo com facção criminosa em São Paulo na semana passada teve repercussão, mas não tão grande quanto se pode imaginar quando envolve políticos presos por esse motivo. Os vereadores são filiados a Podemos, MDB e PSD. São partidos no espectro do que se pode considerar “centrão”. Têm gente no governo Lula, como tiveram no de Jair Bolsonaro. A presença das facções na política não é algo que se possa vincular exclusivamente a um partido ou campo político.

Se, entre os vereadores presos, houvesse gente do PT ou do PL, ou se vier a aparecer, certamente o ecossistema político das redes sociais vira de pernas para o ar. Como não envolveu os dois partidos que polarizam o debate menos racional, muita gente nem liga. Até que seja envolvido um dos lados que têm a atacar ou defender.

Foto do Érico Firmo

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