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Camilo e a visibilidade do MEC
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Camilo e a visibilidade do MEC

Em pesquisa Ipec divulgada na semana passada, a educação foi a área com melhor avaliação do governo. Isso projeta Camilo Santana, e o transforma em alvo
Tipo Opinião
CAMILO Santana, ministro em alta e na mira de adversários e do fogo amigo (Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil)
Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil CAMILO Santana, ministro em alta e na mira de adversários e do fogo amigo

O Ministério da Educação é o queridinho do momento no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Não está livre de problemas, a começar pelas greves de professores e servidores das universidades. Mas, em pesquisa Ipec divulgada na semana passada, a educação foi a área com melhor avaliação do governo. Não que seja excepcional. Recebeu 38% de ótimo ou bom, 28% de regular e 31% de ruim e péssimo. Destacou-se por ser a única com avaliação positiva superior à negativa.

O resultado ligeiramente positivo num governo em muitas dificuldades projeta bem o ministro Camilo Santana (PT). O ex-ministro José Dirceu (PT) o colocou na lista de potenciais candidatos a presidente no campo da base do governo. Isso já foi feito outras vezes, até pelo próprio presidente. Não é algo hoje muito concreto. Em princípio, nem visaria 2026, quando Lula dá sinais de querer a reeleição. Mas, soa hoje menos inusitado do que já foi.

Camilo repete no MEC ingredientes do que o tornou popular no governo cearense. Evita arestas e polêmicas, coisas que marcaram os anos bolsonaros na educação — e na vida. Enquanto muitos no PT buscam se contrapor ao campo conservador fazendo o oposto do governo anterior, o ministro não vai pela via do antagonismo, mas da maneira mais consensual que consegue. Para quem ficou fatigado com a adrenalina e o polemismo da época bolsonarista, é um respiro.

A gestão de Camilo não é brilhante, longe disso. Muita coisa não andou. As obras inacabadas seguem paradas. A burocracia é grande, os trâmites são muitos, mas o governo caminha para um ano e meio.

Um trunfo para Camilo é o fato de o governo Bolsonaro, com quatro ministros, ter tido na educação um dos pontos mais baixos de uma gestão subterrânea. Uma confusão, polêmicas vazias e zero discussão sobre aprendizagem. Nem vejo a ênfase que esperaria da atual gestão no tema, mas alguma coisa é mais que o nada que o antecedeu.

O problema para o ministro é que o destaque que obtém o torna cada vez mais alvo. Da oposição e do fogo amigo que já existia antes mesmo de tomar posse.

O destino de Izolda

Uma questão para o MEC: em junho, está prevista a saída da secretária-executiva Izolda Cela (PSB), para ficar como alternativa para concorrer a prefeita de Sobral. Ela tem função absolutamente estratégica. Não é segredo que ela entende mais de educação que Camilo. Está no ramo desde quando o ministro sonhava ser prefeito de Barbalha. Irão mesmo mexer numa função chave do ministério de desempenho mais bem avaliado do governo de olho na eleição sobralense? Não que Sobral não valha. Mas será um desfalque e tanto, a esta altura, não para Camilo, mas para o governo Lula.

Dirceu e o futuro

José Dirceu elencou não apenas Camilo, mas uma lista de nordestinos com potencial para chegar a presidente: Rui Costa, ministro da Casa Civil; Wellington Dias, do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, e inclusive não petistas. Falou do prefeito do Recife (PE), João Campos (PSB), e Renan Filho (MDB), ministro dos Transportes. Pode ser um pouco de média com a região que Dirceu visitava. Mas, de fato, o futuro do lulismo parece atrelado ao Nordeste. Dirceu, o arquiteto do PT alicerçado em São Paulo, parece saber disso.

Decisões de Camilo na pandemia

Por falar em Camilo, já falei aqui da entrevista de Élcio Batista (PSDB) ao Jogo Político. E ele falou bastante sobre o hoje ministro, de quem foi destacado auxiliar na época de Governo do Estado. Élcio disse que Camilo não queria, em princípio, adotar as medidas mais extremas de isolamento social — o que ficou conhecido como lockdown. Mas acabou aceitando os argumentos do então secretário Cabeto.Semanas depois, saiu um decreto aliviando as restrições à indústria. Horas depois, de novo sob pressão de Cabeto, Camilo o revogou. De teimosia não pode ser acusado. Élcio ressaltou ainda que, com a pandemia, a segurança pública acabou largada de mão no governo.

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