PT aluga crise que não precisava ser do Brasil e de Lula
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
LULA e Nicolás Maduro: aliado que demanda muito e nada oferece
O PT e o governo Lula (PT) desde a encarnação anterior se complicam por causa das amizades. Mas, isso tem se amplificado bastante nesse mandato. Já foi assim em relação ao Hamas, à guerra entre Rússia e Ucrânia e, agora, mais uma vez com a Venezuela. Entre outros menos cotados, como Nicarágua. Seria menos ruim se o problema ficasse apenas com o partido e o político, não com o Brasil.
O País tem protagonismo regional irrenunciável. A posição dos governos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL) tornaram inviável um papel de mediação com o regime chavista-madurista. Lula assumiu essa postura. Talvez com ênfase além do adequado. Nos Acordos de Barbados, o Brasil foi espécie de fiador. Sem surpresa, o regime de Nicolás Maduro seguidamente se mostrou não merecedor do crédito.
O processo todo foi muito complicado, com opositores impedidos de concorrer sem explicações razoáveis. Quando Maduro fez inaceitável manifestação sobre “banho de sangue”, Lula manifestou ressalva até contida, e teve de levar para casa desaforos de um aliado que precisa e se vale demais dele, mas se mostra melindroso a ponto de não aceitar senões.
Entendo que o Brasil acerta na posição moderada, para se permitir ser canal entre governo e oposição. É um dos raros atores com possibilidade de cumprir hoje esse papel. Quando o PT divulga uma nota desarrazoada como a que se viu, dificulta o papel do governo na busca por entendimento entre as partes.
A difícil saída
A Venezuela caminha a um impasse de difícil solução. Não me parece sinalizado que a oposição vá recuar, muito menos que Maduro ceda. Cobra-se que as atas apareçam, mas não sei qual credibilidade teria o que aparecesse agora. A perspectiva de solução é pouca e o Brasil está nesse enrosco. Com expectativa internacional de que encontre solução. Se conseguir, o País pode sair muito fortalecido internacionalmente desse processo. O difícil é dar jeito na coisa.
Lados
Condenar a autocracia venezuelana não significa aprovação total à complicada oposição venezuelana. Surgida, é verdade, sob condições tremendamente adversas, as forças que se contrapõem ao madurismo são confusas e duvidosas. A amostragem usada para reivindicar a vitória não seria digna de crédito num processo eleitoral que não fosse obscuro. Na Venezuela, não há o bem contra o mal. Há uma guerra política na qual o maior problema é a falta de instituições fortes, equidistantes e com credibilidade para mediar o conflito.
Lula e a democracia
Quando digo que o PT se complica no debate sobre democracia por causa dos amigos, é preciso salientar que, no Brasil, não há ressalvas a fazer a Lula e ao partido. Os questionamentos são à postura sobre outros países. Internamente, vale lembrar, muito se especulou sobre Lula, após a reeleição, buscar mudar a Constituição em busca de um terceiro mandato. Teria força para tal na época, mas nunca buscou. Não fez como Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que mudou a Constituição para permitir a própria reeleição. Nunca agiu a la Bolsonaro, colocando em dúvida o processo eleitoral, em qualquer das derrotas. Nunca agiu como o PSDB após a reeleição de Dilma Rousseff (PT). Aliás, Dilma saiu sem criar qualquer instabilidade, a despeito da indignação manifesta com o impeachment. Embora Bolsonaro dissesse que ela faria “muito mais que o diabo para não deixar o poder”. Quem disso usa, disso cuida.
Porém, o PT apoia posições externas que nunca nem ensaiou no Brasil. Sofre por isso legítimas cobranças. A importância regional que o País tem não permite que o respeito à soberania se confunda com a não condenação do autoritarismo.
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