Como está Sarto e como estavam os prefeitos que se reelegeram a esta altura
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Foto: Matheus Souza
SARTO tem melhora de popularidade, mas nada excepcional
Na miríade de novos institutos de pesquisa que surgem na cena política — alguns deles muito bons — o Datafolha se diferencia pela tradição e conhecimento do público. Com o fim do Ibope, não há nenhuma marca no meio que se aproxime. Entre tantas, uma das vantagens da tradição é construir séries históricas que os demais não possuem. A recente pesquisa contratada pelo O POVO mostra como estava, por volta dessa época do mandato, a popularidade de todos os prefeitos desde a virada do século. A análise permite projetar as condições de José Sarto (PDT) na disputa.
O prefeito foi quem teve melhores notícias na pesquisa. Teve a maior oscilação positiva e empatou tecnicamente na liderança com Capitão Wagner (União Brasil). Além disso, viu a avaliação melhorar. O conceito negativo caiu e o positivo, subiu. Porém, ainda é mais mal avaliado que bem avaliado.
Em comparação com Juraci Magalhães antes de se reeleger em 2000, Luizianne Lins (PT) antes de conquistar o segundo mandato em 2008 e Roberto Cláudio (PDT) pré-recondução em 2016, Sarto vai pior hoje. Tem 25% de ótimo e bom e 29% de ruim e péssimo.
Juraci, em julho de 2000, tinha 51% de ótimo e bom. Luizianne, em agosto de 2008, estava com 44%. Roberto Cláudio tinha 34% em agosto de 2016. O eleitor talvez esteja gradualmente mais crítico, ou as gestões ficaram cada vez piores.
No conceito ruim/péssimo, o de Juraci era de 13%. O de Luizianne, 16%. O de Roberto Cláudio, 23%.
Segundo mandato
A série histórica mostra que, no segundo mandato, a popularidade de Juraci e Luizianne piorou muito. O índice de ótimo e bom do ex-prefeito caiu de 51% a 25%. O da petista foi de 44% para 27%. Já o ruim e péssimo de Juraci foi de 13% para 49%. O da ex-prefeita foi de 16% para 30%. Com RC, a rota foi inversa. O ótimo e bom, que no primeiro mandato estava em 34%, foi a 53% no segundo. O ruim e péssimo, por sua vez, saiu de 23% para 10%. A comparação foi com a pesquisa no segundo mandato de Roberto Cláudio realizada em outubro de 2020, porque a eleição daquele ano foi adiada para novembro, por causa da pandemia de Covid-19.
Consideração sobre qualquer pesquisa
Pesquisa nenhuma antecipa resultado de eleição. Às vezes, olha-se para número de intenção de voto e se trata como se já fosse o próprio voto, quase como se nem fosse mais necessário eleição. Elas perguntam como o eleitor votaria se a eleição fosse hoje. Mas, não é hoje. Não há um voto ainda digitado na urna. Há uma campanha inteira pela frente e tudo ainda pode mudar.
Pesquisas têm margem de erro. Ela precisa ser inequivocamente considerada. A desta pesquisa Datafolha é de 4 pontos percentuais. Não dá para ler os números sem levá-la em conta. O resultado numérico isoladamente não é parâmetro para análise. Quando se fala em empate técnico, é para valer.
Além disso, pesquisas têm intervalo de confiança. No caso, de 95%. O que significa haver 5% de possibilidade de o resultado estar fora da margem de erro. Entendeu? A pesquisa tem margem de erro e tem uma possibilidade de o resultado ser diferente até além da margem de erro. Ah, mas só 5%. Bem, isso é muito muito mais, incomparavelmente mais, que a chance de ganhar em loteria. E tem um bocado de gente que joga.
Resumindo: pesquisas podem errar. O fato de haver várias, de vários institutos, permitem ter vários olhares, metodologias e dilui efeitos individuais. Pesquisas são informações relevantes, em todas as democracias, sobre a percepção geral do eleitor. São úteis para tomada de decisão dos políticos e da população. Mas, não devem ser levadas a ferro e fogo, tomadas mais a sério do que o razoável. São uma sinalização, um indicativo, não a antecipação do resultado.
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