Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Pablo Marçal (PRTB), em São Paulo, introduziu um elemento caótico nos debates e desestabilizou o que costumava ser feito. Desafia a postura de candidatos e organizadores. Maneiras de reagir já estão sendo testadas. George Lima (Solidariedade), em Fortaleza, ensaiou um jeito de responder que não chega a fazer dele um “Marçal do progressismo”. Mas vai um pouco na velha máxima, capacitista, do “remédio pra doido é doido e meio”.
O próprio papel dos debates mudou. Antes tinham a audiência ao vivo, a repercussão jornalística e os usos do horário eleitoral. Tudo isso ainda existe e tem pelo, mas somam-se os cortes, que podem virar memes. O engajamento gerado, principalmente a essa altura da campanha, é exponencialmente maior.
Traje
Os debates mudaram até no detalhe. Antigamente, os candidatos iam de terno e gravata. Um mais ousado dispensava a gravata. Nas duas últimas semanas, O POVO realizou seis debates, em Barbalha, Crato, Juazeiro do Norte, Fortaleza, Caucaia e Eusébio. Participaram 18 candidatos. Só dois colocaram blazer — Evandro Leitão (PT) e José Sarto (PDT), ambos no de Fortaleza. Gravata, nenhuma. A informalidade foi a tônica.
O que pode mudar com os apoios em campo
Dados da mais recente pesquisa Datafolha em Fortaleza trazem motivos de preocupação para as campanhas de Capitão Wagner (União Brasil) e José Sarto (PDT), e dão combustível às teses de polarização entre petismo e bolsonarismo.
Dos que declaram intenção de votar em Wagner, 34% acham que ele é o candidato de Jair Bolsonaro (PL), enquanto 26% sabem que o ex-presidente apoia André Fernandes (PL). São um terço dos votos que estariam mais vulneráveis à massificação do apoio de Bolsonaro ao candidato do PL a prefeito de Fortaleza. Ao passo que os 26% que já estão informados, em tese, estariam imunes.
Já sobre Sarto, 34% dos que declaram voto nele acham que ele tem apoio do presidente Lula (PT). Há ainda 29% que pensam que o governador Elmano de Freitas (PT) o apoia, e 30% acreditam que o prefeito tem apoio do governador Camilo Santana (PT). Lula, Elmano e Camilo, contudo, apoiam Evandro Leitão (PT).
Isso não significa que Wagner e Sarto necessariamente perderão esses votos, mas é razoável supor que alguns deles estão vulneráveis à exposição dos apoios pelas campanhas de Fernandes e Evandro.
Eleitores informados
Os que declaram intenção de votar em André Fernandes e Evandro Leitão demonstram maior nível de informação acerca dos respectivos apoios. Entre os que declaram intenção de votar no candidato do PL, 81% sabem que Bolsonaro o apoia.
Já entre os eleitores petistas, 74% sabem que Evandro é o candidato, de Lula, 71% têm a informação que Elmano o apoia e 64% compreendem que ele tem o apoio de Camilo.
Não significa que esses candidatos tenham os eleitores mais politizados. O ponto é que são justamente os dois candidatos aqueles cujos votos estão mais condicionados a apoios. Sarto, afinal, é o prefeito. E Wagner não está atrelado a grandes padrinhos.
Embora, como atesta a propaganda do prefeito, ele aposta forte no apoio de Roberto Cláudio (PDT). É, na média, o apoio mais disseminado entre os eleitores. No total, 41% dos eleitores sabem que o ex-prefeito apoia o atual. Ainda assim, há margem para crescer. RC é um eleitor, na Capital, quase tão influente quanto Lula e Camilo.
Dois gumes
Para André Fernandes, há cálculos a serem feitos. O apoio de Bolsonaro pode atrair eleitores de Wagner para ele. Mas, no geral, a vinculação ao ex-presidente é mais negativa que positiva, mostra a pesquisa.
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