Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Foram divulgadas nesta quinta-feira, 5, duas pesquisas para a Prefeitura de Fortaleza. A diferença entre elas é significativa.
AtlasIntel traz empate entre os quatro primeiros colocados: André Fernandes (PL) 25%, Evandro Leitão (PT) 24,2%, Capitão Wagner (União Brasil) 21,7% e José Sarto (PDT), 19,1%.
Na Futura, Wagner tem 25,8%, Sarto tem 23,7% e Fernandes, 21,2%. Evandro fica com 10,9%. A rigor, a rigor, os números de Wagner, Sarto e Fernandes entre uma pesquisa e outra têm diferenças dentro da margem de erro, esse item tão ignorado pelo grande público e absolutamente imprescindível na leitura de consultas como essa. A da Atlas é de 3 pontos. Da Futura, 3,1.
Não, não é possível dizer na pesquisa Atlas que André está na frente de Evandro, ou que qualquer deles está na frente de Wagner, ou que o Capitão tem vantagem em relação a Sarto. Na Futura, não é possível saber se Sarto está atrás de Wagner, ou se André tem vantagem sobre o prefeito.
Há duas diferenças concretas entre as pesquisas: o movimento que os candidatos fazem e o desempenho de Evandro Leitão.
Onde está Evandro?
Na pesquisa Atlas, Evandro está no bolo do empate técnico que lidera. Na Futura, está lá atrás, estagnado. Não aparece nem no retrovisor dos líderes. As pessoas escolhem as pesquisas conforme as preferências políticas, as torcidas. É bastante humano, mas a realidade não funciona assim.
A pesquisa Atlas não destoa só da Futura. É diferente de quase todas as demais. A Futura mostra André, desde antes, num nível acima do que ele aparece em outros institutos de maior destaque. Mas, os demais resultados são próximos do que se tem visto.
Qual pesquisa está certa ou errada? Bem, as diferenças de metodologia podem explicar a disparidade dos números.
A pesquisa Futura é feita por telefone. Para comparação com os grandes institutos, Ipec e Quaest fazem pesquisas presenciais domiciliares. Datafolha faz por ponto de fluxo — presencial em locais de grande circulação de pessoas. Já a Atlas usa metodologia diferente de todos os outros principais institutos brasileiros. É o chamado recrutamento digital aleatório (RDR, da sigla em inglês). Convites aleatórios são feitos na navegação de rotina na Internet. Há um token único em cada convite, o que impede que seja considerada mais de uma resposta ao mesmo questionário. Uma vantagem apontada no método é eliminar o efeito do eleitor que pode ficar tímido diante do entrevistador e evitar expressar a opinião real.
Outra diferença crucial: a pesquisa Atlas informa o partido dos candidatos. Com isso, tende a impulsionar justamente as intenções de voto de PT e PL — André e Evandro. A maioria dos institutos não traz a informação, casos de Futura e Datafolha. O Paraná Pesquisas, por exemplo, informa o número, mas não o partido. Curioso que a Quaest informa o partido, mas o resultado, até aqui, não parece com o da Atlas.
É possível que a Atlas capte, então, uma intenção de voto que ainda não é de André e Evandro, mas que provavelmente acabará sendo. Com o modelo, o instituto foi bem-sucedido em apontar vitórias petistas em 2022 no Ceará e na Bahia, por exemplo.
O melhor mesmo é acompanhar a evolução dos fatos e dos números, tendo sempre em vista que qualquer pesquisa pode errar e nenhuma antecipa ou substitui o resultado eleitoral.
Os candidatos também sem movem de modo diferente nas pesquisas. Sobre isso falo amanhã.
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