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Efeito inicial da estratégia de "Sarto zoeiro" perdeu impacto
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Efeito inicial da estratégia de "Sarto zoeiro" perdeu impacto

Sarto subiu e depois caiu na pesquisa Datafolha. O que explica os movimentos?
Tipo Opinião
SARTO briga para não ser primeiro prefeito a não se reeleger (Foto: Matheus Souza)
Foto: Matheus Souza SARTO briga para não ser primeiro prefeito a não se reeleger

A pesquisa Datafolha para prefeito de Fortaleza, contratada e divulgada pelo O POVO, já soma uma sequência de três rodadas, em junho, agosto e agora em setembro. O que permite avaliar tendências e impactos das estratégias dos candidatos. O movimento que mais me chama atenção é o do prefeito José Sarto (PDT).

Na consulta de 24 a 26 de junho, ele tinha 19%. Entre 20 e 21 de agosto, na primeira pesquisa após o início da campanha, mas ainda antes do horário eleitoral de rádio e televisão, ele teve a maior evolução de 4 pontos percentuais, e chegou a 23%. Empatou tecnicamente com Capitão Wagner (União Brasil) na liderança, naquela ocasião. Mas, na mais recente pesquisa, feita de 11 a 13 de setembro, Sarto caiu 5 pontos e apareceu com 18%.

Subida e descida

É necessário aguardar a evolução dos acontecimentos para conclusões mais definitivas. Até porque pesquisas são passíveis de erro. Embora, todos os principais levantamentos indiquem tendência de queda do prefeito. As campanhas, com números diários do chamado tracking e com pesquisas com mais frequência e entrevistados, possuem mais elementos de análise. Pelas informações públicas, Sarto subiu e depois caiu. O que pode explicar o movimento inicial?

Desde o fim do ano passado, houve ênfase na divulgação das ações da Prefeitura e na exposição do prefeito. A partir da fase final da pré-campanha, a imagem descontraída nas redes sociais, os óculos juliet e os vídeos engraçados ganharam muito alcance. O prefeito subiu. Porém, a mais recente pesquisa mostra um recuo ainda maior do que fora a subida.

Os prefeitos que concorreram à reeleição em Fortaleza quase sempre começaram mal nas pesquisas, mas cresceram na campanha. Todos até hoje se reelegeram — foram três. Como explicar que Sarto tenha caído?

Uma hipótese é a de que o efeito imediato do estilo descontraído e brincalhão tenha se dissipado. Houve um impacto inicial. Os vídeos circularam muito e aparentemente conseguiram reduzir a rejeição do prefeito e da gestão. Mas, talvez a piada tenha cansado, perdido a graça. Após a surpresa, o eleitor pode ser perguntar se é realmente aquilo que espera do prefeito. Há alguns exemplos pelo Brasil de candidatos que despontam, alguns chegam até a ser fenômenos eleitorais, mas depois perdem fôlego.

Outra hipótese, não necessariamente excludente, tem a ver com a propaganda de rádio e televisão. Muita gente imaginou que a influência hoje seria menor por causa das redes sociais. Sem dúvida, a campanha digital tem peso enorme e é imprescindível. Mas, o desempenho de Evandro é mostra da força que os meios convencionais ainda têm.

Os demais prefeitos que disputaram reeleição tinham expressivo tempo de rádio e TV. Em geral o maior. Sarto tem o menor tempo do G4. E Os adversários usam parte significativa para bater nele e na Prefeitura. O fato de ter sido alvo, principalmente na música viral de André Fernandes (PL), provavelmente é uma das explicações para a queda do gestor.

A situação é difícil. Quem tem a máquina pode encontrar meios de reverter. Fácil não está.

Sem limite e sem rumo

Não me recordo de ver, em debate eleitoral, nada parecido com a cadeirada de José Luiz Datena (PSDB) em Pablo Marçal (PRTB). Essa versão 2.0 da “nova política” está pondo abaixo qualquer padrão de conduta, qualquer limite. A política se desgastou, mas os “não políticos” — o apresentador de TV e o ex-coach — dão mostras de que ausência de referenciais pode ser pior, bem pior. A cadeirada não ocorreu em um lugar qualquer, foi na maior cidade do Brasil, uma das maiores do planeta. Pergunto-me como será o próximo debate. E há quase três semanas de campanha pela frente.

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