Quem for eleito prefeito não tem como resolver problema da segurança
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Quem for eleito prefeito não tem como resolver problema da segurança
Se o Governo do Estado não tiver uma política que funcione, se as polícias não cumprirem o papel adequadamente. É vender ilusão dizer que irá dar a solução
Foto: FERNANDA BARROS
POSSE de Guardas Municipais em Fortaleza, em junho
A segurança pública tem protagonismo crescente nas campanhas eleitorais para prefeito, no que é uma triste notícia. O espaço cresce na proporção em que o problema se agrava. Promete-se de tudo: Ronda ostensiva da Guarda Municipal, ter pelotões nas Regionais, fazer ronda por drone, ter “botão de pânico” em paradas de ônibus, armar — mais ainda — e até comprar um helicóptero para a Guarda. E por aí vai. Uma coisa os candidatos não dizem: prefeito nenhum tem condição de resolver o problema de segurança no Ceará. Se o Governo do Estado não tiver uma política que funcione, se as polícias não cumprirem o papel adequadamente. É vender ilusão dizer que irá dar a solução. Prefeito tem como ser parte da solução. Aliás, precisa ser. Mas, para resolver, o Estado precisa funcionar.
A situação a que a coisa chegou, aliás, exige não apenas presença do Estado. O Governo Federal tem papel fundamental para atacar organizações criminosas cuja atuação é internacional. O enfrentamento às facções passa pela proteção às fronteiras. Pelo papel da Polícia Federal. É algo muito grande para achar que irão resolver com a Guarda Municipal.
Igualmente verdadeiro dizer que o problema também não se resolve sem prefeitura. Há coisas que estão no âmbito das localidades, das vizinhanças. E aí a Guarda é imprescindível.
Prefeito tem papel muito importante para tornar a cidade segura. Mas, uma coisa é antes de o lugar se tornar violento e ter grupos criminosos organizados. Outra coisa é depois que o crime se alastra e toma de conta de muitos lugares. É essa a triste realidade do Ceará hoje.
No atual estágio da violência no Ceará, com a força e a presença territorial das facções, é necessária uma ação de enfrentamento e repressão. Do tipo que só as polícia são capacitadas a fazer. Não adianta dizer que vai contratar, armar a Guarda. Não é a natureza nem a função dela. O papel é diferente, e importante demais.
O enfrentamento que a Polícia precisa fazer não significa, longe disso, desrespeitar os direitos humanos. Sem higienismo e sem ter pobres como alvo. Até porque os líderes que têm sido presos costumam ser encontrados em condomínios caros. Também é onde estão os consumidores. O papel reservado aos pobres é o da linha de frente, de ser os braços de operações por trás das quais está gente graúda.
Atacar as causas, mas não apenas
Muito se discute sobre a necessidade de ações preventivas. Investir em educação, esporte, cultura e oportunidades como formas de combater a violência. Não há solução sem passar por isso. Mas, na atual realidade, não basta oferecer opções. Seria assim antes de as facções se enraizarem. Agora que estão consolidadas, é preciso abrir portas para os jovens. Contudo, é imprescindível fechar os caminhos de acesso ao crime. Dificultar ao máximo a cooptação. Porque é difícil competir com a sedução das promessas ilusórias de dinheiro rápido, supostamente fácil, e ainda a aventura e um glamour distorcido.
O papel do prefeito
O papel do prefeito não é fazer o que a Polícia não faz. Vai fracassar e deixar de cumprir a missão real. A Prefeitura deve criar ambientes seguros. Há muitas coisas envolvidas, mas as pessoas mais simples sabem reconhecer um lugar inseguro. Normalmente escuro e pouco movimentado. Uma cidade com claridade e movimentada, com gente na rua, circulação de pessoas em ambientes públicos, é algo que prefeitos podem e devem propiciar.
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