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O perigoso varejo eleitoral de secos e molhados
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

O perigoso varejo eleitoral de secos e molhados

Enquanto Lula cumpria agenda oficial, parece ter sido desencadeado um "barata voa" nas alianças eleitorais em Fortaleza
Tipo Opinião
VEREADORES do PDT, puxados pelo presidente Gardel Rolim, anunciam apoio a André Fernandes (Foto: Assessoria Gardel Rolim)
Foto: Assessoria Gardel Rolim VEREADORES do PDT, puxados pelo presidente Gardel Rolim, anunciam apoio a André Fernandes

A sexta-feira, 11, foi o dia em que o 2º turno em Fortaleza disse a que veio. O dia teve de quase tudo. Até então, tinha-se Evandro Leitão (PT) fazendo uma caminhada de manhã aqui, uma carreata à noite acolá. André Fernandes (PL) sem iniciar a campanha de 2º turno na rua e publicando algum vídeo nas redes sociais de vez em quando. Lamúrias e comemorações nas casas legislativas. A sexta foi diferente.
A noite de quinta-feira, 10, já havia movimentado o meio político, com a pesquisa Datafolha, a primeira do 2º turno. O cenário apresentado foi de empate técnico. O dia que se seguiu foi alucinante.

O presidente Lula (PT) estava na cidade. No começo da manhã, concedeu ótima entrevista exclusiva ao colega Jocélio Leal, na rádio O POVO CBN, com declarações que repercutiram muito nacionalmente. Além de relatar o incidente com avião no retorno ao Brasil — e de anunciar a compra de alguns aviões — e avaliar o desempenho do PT nas eleições municipais, ele falou do cenário em Fortaleza e se referiu ao ministro Camilo Santana (PT) como “rei do voto no Ceará”.

Enquanto Lula cumpria agenda oficial, parece ter sido desencadeado um “barata voa” nas alianças eleitorais. O União Brasil liberou os filiados e Capitão Wagner fez live no Instagram do filho para anunciar o apoio — como ele havia antecipado quando André foi entrevistado pelo humorista Titela. No PDT, o prefeito José Sarto já havia se manifestado pela neutralidade. Alguns, como o deputado André Figueiredo e o líder de Sarto, vereador Iraguassu Filho, declararam voto em Evandro. Vários outros, puxados pelo presidente da Câmara, Gardel Rolim, desembarcaram na campanha de Fernandes. O PSDB estadual ficou neutro, e os líderes do partido em Fortaleza foram com o candidato do PL.

A campanha foi marcada pela divisão em candidaturas que pertenciam ao mesmo campo e eram aliadas até há pouco tempo. Mas, o nível de agressividade, além das contradições entre cenários locais e nacionais, inviabilizou o apoio formal de partidos que eram bastante alinhados em um passado mais ou menos distante — casos de PDT e PT e de União Brasil e PL, respectivamente.

Com bases liberadas, as negociações acabaram se dando no varejo. Ou em blocos, como o puxado por Gardel. As siglas acabaram se desvalorizando. Ou se valorizando — estarão com um pé no lado vencedor em qualquer situação.

Negociações um a um podem ser muito boas para os apoiadores e onerosas para quem é apoiado.

Luizianne não quis ser Ciro em Paris

Luizianne Lins (PT) pode ser incluída na conta dos apoios. É esquisito, porque ela é do partido do candidato. Mas, foi a principal adesão a Evandro Leitão até agora. Ela não quis correr o risco de ter o desgaste que vitimou Ciro Gomes em 2018, quando foi a Paris enquanto transcorria a campanha de 2º turno que elegeu Jair Bolsonaro.

Uma força em ascensão no Ceará

O novo, pequeno e pouco conhecido Partido Renovação Democrática (PRD) é uma força a ser observada no Ceará. Sob área de influência do prefeito de Eusébio, Acilon Gonçalves, e do deputado federal Júnior Mano (PL), a sigla é presidida no Estado pelo vereador Michel Lins, reeleito para o terceiro mandato. Em Fortaleza, o PRD foi o quarto partido mais votado, atrás de PDT, PL e PSD. Ficou na frente do PT — isoladamente, sem a federação. A bancada na Câmara tem três vereadores. Além de Lins, foram eleitos Chiquinho dos Carneiros e Aguiar Toba. Em todo o Estado, o partido elegeu 61 vereadores e cinco prefeitos — número igual ao de PDT e União Brasil. O PRD não recebe verba de fundo eleitoral.

Foto do Érico Firmo

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