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2022 ainda não acabou para o PDT
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

2022 ainda não acabou para o PDT

Tudo isso ocorre no PDT porque o partido teve muito poder, esteve às portas de eleger governador, mas foi derrotado, perdeu muito espaço e agora ficou sem a Prefeitura de Fortaleza
Tipo Opinião
EVANDRO, Roberto Cláudio, Cid Gomes e André Figueiredo: retalhos de um ex-PDT (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação EVANDRO, Roberto Cláudio, Cid Gomes e André Figueiredo: retalhos de um ex-PDT

O PDT do Ceará está, digamos assim, anarquizado desde 2022 e até hoje não se aprumou. A situação no segundo turno da eleição em Fortaleza é ainda reflexo do rebuliço que acometeu o partido. As divisões prosseguem.

Como o PDT se dividiu

Havia um PDT de Ciro Gomes e Roberto Cláudio e um de Izolda Cela e Evandro Leitão. O prefeito José Sarto e André Figueiredo se alinharam ao primeiro bloco. O senador Cid Gomes se afastou, com plano declarado de esperar para fazer a recomposição com o PT num 2º turno que não existiu.

Evandro arrastou deputados que estavam com Roberto para a campanha do PT, com Elmano de Freitas, escolhido candidato depois que Izolda Cela teve negado o pleito para buscar a reeleição. A operação da base do governo também tirou grande contingente de prefeitos pedetistas, então partido com mais presença em municípios.

Ciro e Roberto Cláudio não engoliram a história de que Cid ficou neutro. O senador fez algumas tentativas de contato, mas os dois nunca mais quiseram conversa, e ele também deixou para lá. Os líderes estavam divididos de forma que evidenciava que o partido não poderia prosseguir. Mas a coisa ainda iria se agravar bastante.

Seguiu-se um debate entre aderir ao Governo do Estado ou não. Com André Figueiredo no comando, assumiu-se uma postura de independência, com liberdade para quem quisesse entrar na base e também para quem optasse por ser oposição. Lembra um pouco a postura nesse segundo turno em Fortaleza.
Deu-se então que o PDT em Fortaleza tornou-se trincheira de oposição. A bancada estadual virou situação com mala e cuia e ocupou algumas secretarias.

Mas, a situação não ficou bem. Os situacionistas, franca maioria no diretório, queriam a adesão formal. E começou-se a questionar a prerrogativa de reeleição do prefeito Sarto, que se alinhava aos oposicionistas e reivindicava, se era para apoiar o governo, que tivesse o apoio do PT em Fortaleza. A situação virou uma briga pelo comando do PDT estadual. Depois de Cid e aliados ameaçarem destituir André Figueiredo, houve acordo para o presidente estadual se licenciar e Cid assumir.

No cargo, o senador deu cartas de anuência para deputados saírem do partido — foi assim que se abriu a porta para Evandro ser candidato — e recolocou em pauta o apoio ao governo. André afirmou que não era o combinado, voltou da licença e reassumiu a presidência. Cid convocou o diretório para destituir o comando e eleger um novo. Seguiu-se uma batalha judicial, até que Cid e prefeitos aliados resolveram sair e se filiar ao PSB. (Evandro não esperou e foi antes para o PT, para contrariedade do senador.)
Os deputados estaduais cidistas seguiram na legenda. Agora devem sair, com aval da Justiça. Os deputados federais deixarão a mudança para a janela partidária, em 2026.

Porém, o partido parecia razoavelmente unido, com os remanescentes, ressalvados os deputados, alinhados em torno de Ciro Gomes, Roberto Cláudio e Sarto. Foi mais ou menos assim até o fim do primeiro turno. Porém, o segundo turno volta a expor as fraturas.

A divisão da divisão

O presidente nacional André Figueiredo e o prefeito José Sarto liberaram posicionamento dos filiados. André apoia Evandro Leitão e gravou vídeo. Os demais deputados federais do partido também aderiram ao petista. O grupo ligado ao prefeito Sarto foi quase todo para André, puxado pelo principal líder atualmente, Roberto Cláudio, além de deputados estaduais, secretários municipais, o presidente da Câmara, Gardel Rolim, e a maioria dos vereadores. Ciro Gomes não manifestou apoio a André, mas faz ataques ao PT e defende os que aderiram ao candidato do PL. Uma ala minoritária de vereadores e suplentes do partido apoia Evandro.

O ex-maior partido

Tudo isso ocorre no PDT porque o partido teve muito poder e perdeu rápido demais. Esteve às portas de eleger governador, mas foi derrotado, perdeu muito espaço e agora ficou sem a Prefeitura de Fortaleza. O PSDB também já foi muito poderoso, mas o esvaziamento foi um pouco mais gradual. Após ser derrotado na eleição para governador, em 2006, o partido se juntou ao novo governo e manteve, em 2008, o maior número de prefeituras no Estado: 54. O rompimento com o poder estadual veio em 2010, a debandada veio em 2011 e a eleição que confirmou o declínio tucano, em 2012. A queda do PDT ocorre sem transição e as divisões sucessivas ficam expostas em praça pública.

Foto do Érico Firmo

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