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Não há muito espaço para mudança na disputa entre André e Evandro
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Não há muito espaço para mudança na disputa entre André e Evandro

No intervalo de duas pesquisas separadas pelo período de uma semana, a diferença entre os candidatos não mudou
FACHADA do Palácio do Bispo, Paço Municipal de Fortaleza (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS FACHADA do Palácio do Bispo, Paço Municipal de Fortaleza

Entre a pesquisa anterior do Datafolha no segundo turno em Fortaleza e a divulgada na noite dessa quinta-feira, 17, aconteceu muita coisa. Comício de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), declarações de apoio de Roberto Cláudio (PDT), Capitão Wagner (União Brasil), Luizianne Lins (PT), entre muitas outras personagens locais e nacionais. Sem falar dos vereadores. A maioria dos eleitos não pertencia a partidos aliados nem a André Fernandes (PL) nem a Evandro Leitão (PT), daí ter havido um intenso jogo de reacomodações, inclusive com gente que flertou com um lado e terminou do outro. Talvez com mais impacto que isso tudo, desde que saiu a Datafolha anterior, na quinta-feira da semana passada, dia 10, começou o horário eleitoral de rádio e televisão. Pelo que indica o Datafolha, o impacto de tudo isso é um tanto reduzido.

No intervalo de duas pesquisas separadas pelo período de uma semana, a diferença entre os candidatos não mudou. Os candidatos oscilaram dentro da margem de erro e na mesma direção. Ambos para baixo.
O que oscilou para cima foram os brancos e nulos e também os indecisos. Mas, tudo é variação dentro da margem de erro.

Por que mudou pouco

A dança dos apoios de uma semana para cá foi politicamente muito importante, mas o impacto na movimentação de intenções de voto é bastante discutível. Sem dúvida, serve para animar os militantes, e sinalizar à cidade como todo que o candidato não está isolado, tem interlocução e apoios. Por mais que candidatos digam que o apoio mais importante é "do povo" — e é mesmo — não se governa sem o respaldo de instituições, entes federativos, entidades e segmentos influentes. Porém, mudar o voto de alguém para valer, isso é muito difícil.

Num cenário polarizado, as posições são muito estabelecidas. O eleitor pode votar em Capitão Wagner (União Brasil) por vários motivos, mas, aquele que tem afinidade, de fato, com o candidato dificilmente deixaria de votar em André Fernandes para votar num petista.

O PDT, do prefeito José Sarto, passou os últimos dois anos brigando com o PT. Há questões pessoais envolvidas, é evidente, e isso naturalmente se sobrepõe a questões ideológicas. Porém, para o eleitor de Sarto que não se envolveu pessoalmente na questão —, a ampla maioria — é muito mais próximo votar no PT que no bolsonarismo.

Ainda assim, talvez o eleitor de Sarto esteja mais perto de votar em André do que o do Capitão está de votar em Evandro — leia-se, no PT. Por isso o apoio de Roberto Cláudio é o de maior significado para André Fernandes. Tem potencial para influir nessa balança.

No ambiente digital, um parâmetro duvidoso, as reações eram mais de crítica a RC, da parte dos que votam em Evandro, e de aplauso dos que preferem André. O Datafolha mostra que houve mudanças de lado. O apoio é a mais provável influência.

A pesquisa Datafolha anterior já mostrava e a atual corrobora que há quase 90% de eleitores, de ambos os candidatos, que consideram o voto totalmente decidido. São raros os que ainda podem mudar.

Não é uma mudança simples. Deixar de votar em André ou em Evandro não é o complicado. O realmente trabalhoso é fazer o eleitor de André votar em Evandro, ou levar o de Evandro para André.

Direção

O fato de os candidatos oscilam para baixo chama atenção.Com horário eleitoral e apoios, a tendência é de ganharem votos, não de perderem.

Bem, um primeiro aspecto é o fato de haver muita energia de desconstrução do adversário, tanto na propaganda e até mais nos debates. As campanhas têm mais argumentos sobre o porquê não votar do que razões para votar. Pode estar dando certo.

Outro fator é considerar que são movimentos dentro da margem de erro. Não dá para cravar que houve perda de eleitores, queda nas intenções de voto. O que a pesquisa mostra e que houve bem pouca mudança em uma semana de intensa campanha e a tendência é ir assim até o fim, numa eleição cujo resultado pode ser muito parelho.

Foto do Érico Firmo

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