Camilo sai grande, amplia espaço nacional, mas tem recados a entender
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Camilo sai grande, amplia espaço nacional, mas tem recados a entender
O resultado de Evandro cacifa Camilo nacionalmente, mas a imagem de todo-poderoso não pode esconder os muitos problemas no próprio quintal
Foto: FCO FONTENELE
Camilo e Evandro se emocionam durante comemoração da vitória no comitê de campanha
A vitória de Evandro Leitão (PT) foi por uma margem ínfima, mas é gigantesca para Camilo Santana (PT). Ele cresce como personagem nacional que já é, como ministro da Educação. O impacto local do resultado nem se discute. Mas, no Brasil, evitou que as eleições municipais nas capitais fossem um fiasco completo para o partido.
O PT não tinha um prefeito eleito numa capital desde 2016. Na época, venceu Marcos Alexandre, da pequena Rio Branco (AC). Em 2020, o PT não venceu em nenhuma, algo inédito desde que o partido existe — a primeira vitória, na primeira eleição direta em capitais após a redemocratização, foi de Maria Luiza, em 1985, também em Fortaleza, essa capital marcada na história petista. O PT não vencer em nenhuma capital pela segunda eleição consecutiva, com Lula na Presidência da República, seria um fiasco com consequências, pois sinal de fraqueza política ao partido do poder. O poder se move por expectativa e a fragilidade seria um sinal perigoso a aliados vorazes e que saem fortalecidos.
A vitória de Evandro dá ao PT não apenas uma capital, mas a maior do Nordeste. Numa derrota do bolsonarismo. E era a maior cidade que o PT disputava no País. É uma prefeitura que, em população governada, só fica atrás de São Paulo e Rio de Janeiro. É muito expressivo.
Camilo foi o principal cabo eleitoral e, ao comandar essa conquista, ganha protagonismo e peso num partido de DNA paulista e comando quase exclusivo de Sudeste-Sul. O ministro tem ambições e Evandro dá combustível a elas.
Entretanto, a vitória não saiu como planejado. Projetava-se no PT, e declaradamente se torcia, para enfrentar André Fernandes (PL) num segundo turno, pois seria supostamente mais fácil de vencer. Bolsonarista, polêmico, teria teto baixo. Não estava projetado suar sangue para vencer. Porque André escondeu Jair Bolsonaro (PL) e fugiu do perfil polêmico. Teve uma campanha muito bem feita. Mas, contou com algo que Camilo e aliados também não parecem ter projetado: o tamanho do desgaste e da rejeição ao PT.
Não só na Capital. O fenômeno é presente nos grandes municípios, com opinião pública mais vigorosa. Dos cinco maiores municípios, o partido perdeu Caucaia, perdeu Juazeiro do Norte e viu o aliado PSB perder Sobral com Izolda Cela, idenficadíssima com Camilo. Vitória, dos cinco, além de Fortaleza só em Maracanaú, com um aliado filiado ao União Brasil e que se aproximou do governo Elmano de Freitas (PT), mas fez oposição a Camilo no governo 100% do tempo.
O resultado de Evandro cacifa Camilo nacionalmente, mas a imagem de todo-poderoso não pode esconder os muitos problemas no próprio quintal.
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