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Roberto Cláudio apostou tudo e perdeu tanto quanto era possível perder
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Roberto Cláudio apostou tudo e perdeu tanto quanto era possível perder

Além da derrota do grupo no 1º turno e de se aliar a alguém que contraria as ideias e ações que o ex-prefeito sempre praticou, ainda há a constatação de que ele não foi capaz de transferir votos
André Fernandes em ato ao lado de Roberto Cláudio (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS André Fernandes em ato ao lado de Roberto Cláudio

O PDT, o prefeito José Sarto, Ciro Gomes e Roberto Cláudio tiveram significativas derrotas na eleição. Nunca um prefeito tinha deixado de se reeleger na Capital e Sarto nem foi ao segundo turno, com 11,75% dos votos.

Além disso, a ex-secretária da Educação, Dalila Saldanha (PDT), e o ex-secretário de Segurança do Município, Coronel Holanda, não se elegeram vereadores. O líder do prefeito, Iraguassu Filho (PDT), não se reelegeu, nem os vice-líderes Didi Mangueira (PDT) e Carlos Mesquita (PDT). O PDT fez a maior bancada na Câmara, com 8 vereadores, mas projetava eleger 14. Entre os não-reeleitos está Elpídio Nogueira (PDT), irmão de Sarto e que foi secretário da Cultura. Foi uma derrota e tanto.

No segundo turno, o PDT liberou os membros e houve posições diversas. Sarto declarou neutralidade, Ciro Gomes não falou publicamente a favor de ninguém, mas defendeu das críticas dos próprios pedetistas os que apoiaram André Fernandes (PL). Esses não foram poucos. A fila é liderada por Roberto Cláudio. Incluiu ainda vários outros vereadores, principalmente o presidente da Câmara Municipal, Gardel Rolim. Como reação, o presidente nacional interino do PDT, André Figueiredo, e o ministro Carlos Lupi declararam voto em Evandro.

O PDT está profundamente fraturado desde 2022, sofreu perdas políticas e de imagem desde então. A cúpula, até agora, dava respaldo a Roberto e Ciro. Agora, deu sinais de que considera que eles levaram o partido longe demais.

Roberto Cláudio se tornou a figura pública de maior popularidade do PDT cearense. Nas pesquisas, tinha índices comparáveis aos do presidente Lula (PT) e do ministro Camilo Santana (PT). Mesmo com esse capital político, o grupo achou boa ideia o expor à situação de maior desgaste.

Se André vence — e passou raspando — Roberto Cláudio poderia se cacifar como alguém decisivo. Mas, o pior para ele é a constatação de que não foi capaz de transferir votos.

Ele tem derrotas acumuladas desde a disputa estadual de 2022. Qual um apostador compulsivo, Roberto Cláudio, ao se deparar com as perdas, buscou recuperar-se dos prejuízos apostando ainda mais. Apostou tudo ao apoiar alguém tão distante politicamente do que sempre fez ou defendeu. Como sói acontecer, perdeu tanto quando jogou.

Ciro Gomes é a inspiração para Roberto Cláudio e parece ter inspirado os recentes movimentos. Ciro vem em uma rota de jogar tudo para o alto. Mas, já viveu muita coisa pelas quais RC nunca passou. O ex-prefeito não tem nem 50 anos — o que faz dele um menino para os padrões da política.

Gosto da frase de Winston Churchill, de que a política é quase tão excitante e tão perigosa quanto a guerra, porque na guerra se morre só uma vez e na política, várias. Roberto Cláudio não está politicamente morto, mas estou curioso para saber o trajeto de vida que ele tomará na política.

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