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A terceira geração do projeto do poder no Ceará
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

A terceira geração do projeto do poder no Ceará

Como depois de toda eleição municipal, já há conversas sobre a eleição estadual
Tipo Opinião
CID Gomes, Roberto Cláudio e Camilo Santana: 1ª e 2ª geração do projeto de poder (Foto: Acervo O POVO)
Foto: Acervo O POVO CID Gomes, Roberto Cláudio e Camilo Santana: 1ª e 2ª geração do projeto de poder

O poder no Ceará pós-redemocratização não conhece alternância que não saia de dentro do próprio grupo governista. Tasso Jereissati (PSDB) foi lançado pelo então governador Gonzaga Mota e eles depois romperam. Cid Gomes (PSB) surgiu dentro do grupo de Tasso e derrotou o PSDB — que estava rachado e no qual o grupo de Tasso aderiu a Cid. Desde então, é esse entroncamento que disputa o poder estadual.

Evandro Leitão (PT) é da terceira geração do cidismo. Assim como o governador Elmano de Freitas (PT). O prefeito José Sarto (PDT) é um pouco mais velho e bem mais experiente que eles na política. Diferentemente dos demais, já era figura de destaque antes da eleição de Cid para governador, em 2006. Mas, de certa forma, ele é dessa terceira geração do ponto de vista do poder. Disputou com Evandro e perdeu, numa afirmação de qual ramo que se originou do ciDismo prevalece hoje.

Cid fundou esse ciclo de poder, embora sem ruptura com o tassismo — o então senador se aliou ao governo eleito em 2006. A ruptura se deu em 2010.

A segunda geração do cidismo é composta por Roberto Cláudio (PDT) e Camilo Santana (PT). O primeiro, Cid escolheu para presidente da Assembleia Legislativa e, depois, para concorrer a prefeito de Fortaleza, vitorioso contra Elmano, que na época era fruto de outra planta. Camilo já era alguém que Cid tentou convencer a então prefeita Luizianne Lins (PT) a indicar como sucessor. Não deu certo e ele lançou a governador, mesmo por outro partido.

Seguiram todos juntos até 2022, o ano que mais transformou a política do Ceará desde 2006 — marco do fim da era Tasso. Naquele ano, houve o embate da segunda geração. Enfrentaram-se Roberto Cláudio e Elmano de novo, e este último venceu. Mas, politicamente, era um confronto entre Roberto Cláudio e Camilo, representado por Elmano.

Roberto hoje renega o cidismo. O próprio Cid perde protagonismo. O candidato de RC na Prefeitura, Sarto, perdeu para Evandro, outro ungido por Camilo.

Rumo a 2026

Poucas eleições estaduais cearenses foram competitivas após a redemocratização: 1986, 2002 e 2014. A de 2002 foi caso raro. A única desde o fim da ditadura na qual uma força de oposição, mesmo, quase chegou ao poder. Nas outras duas, os coronéis e Eunício Oliveira (MDB), respectivamente, eram forças importantes na sustentação ao poder, mas houve rompimento e consequente enfrentamento.

Como depois de toda eleição municipal, já há conversas sobre a eleição estadual. O resultado nas prefeituras indica que a oposição terá muita dificuldade de eleger governador. André Fernandes (PL), Capitão Wagner (União Brasil) e Roberto Cláudio (PDT) ensaiam manter o palanque que quase saiu vitorioso no 2º turno. A história mostra que o quão bom é o governo nem é tão fundamental. O Ceará tem dinâmica muito diferente de Fortaleza.

De 1982 para cá, eleição estadual não é decidida por popularidade, programa etc. Vence quem tem prefeito, quem tem deputados. Pode ser diferente? Claro que pode. As dinâmicas da opinião pública estão em rápida transformação.

Mas, é difícil imaginar esses atributos — prefeitos e deputados — em uma força que não está dentro do governo hoje, ainda que venha a abrir uma dissidência no futuro. Essa foi a receita na rara ocasião em que o Ceará teve ruptura política no último mais de meio século.

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