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Quando a transição vira problema
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Quando a transição vira problema

Duas últimas alternâncias de poder em Fortaleza tiveram muitos problemas e a atual não está indo bem
Tipo Opinião
Prefeito Sarto e o sucessor eleito, Evandro Leitão (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA Prefeito Sarto e o sucessor eleito, Evandro Leitão

Depois de demora e alguns desencontros para começar, a transição em Fortaleza tem tido bom nível de civilidade. Porém, a cidade tem problemas. Na saúde em particular, há descontinuidade, falta de materiais, interrupção de serviços e pagamentos em atraso. Contratos são interrompidos antes do término, problema que também ocorre em outras áreas. Não parece ser o desmonte deliberado, já visto em outras ocasiões em muitos lugares, mas ajuste e cortes para fechar a conta. Afeta a população do mesmo jeito.

O processo de transição existe para que o prefeito que assume tenha o máximo de subsídios para começar bem o mandato e colocar as ações em prática o mais rápido possível. O poder público é lento por natureza, nos ritos e procedimentos. Por isso, o governante não pode ser lento. Projeto grande que não estiver bem concebido no primeiro ano de mandato dificilmente é entregue ao final de quatro anos.

Porém, o mais importante na transição é evitar problemas mais imediatos e graves. No caso de Fortaleza, a principal preocupação é impedir interrupção dos serviços de saúde e adotar medidas preventivas para a quadra chuvosa. Já em janeiro costumam haver precipitações intensas e, se o trabalho não é feito com antecedência, o desfecho pode ser trágico.

Obviamente há outras questões bastante sérias. A rede de ensino precisa de encaminhamentos para o começo do ano letivo, por exemplo. Mas, assegurar que os serviços de saúde não tenham interrupção um dia sequer e realizar o trabalho preventivo para a quadra chuvosa são o mais urgente.

Últimas transições de ciclo não fora bem

Nas últimas décadas, houve duas alternâncias de ciclo político em Fortaleza. Uma foi em 2004, de Juraci Magalhães para Luizianne Lins (PT). A outra de Luizianne para Roberto Cláudio. Antes disso, não houve alternância de poder. Juraci assumiu em 1990 como vice que dava continuidade ao trabalho de Ciro Gomes. Rompeu já no cargo e iniciou uma era que durou 14 anos e nove meses. De Juraci para Luizianne, houve interrupção de serviços, principalmente na coleta de lixo. Contratos deixaram de ser pagos. Até o horário de expediente da Prefeitura foi reduzido, para economizar. Terminava 14 horas.

De Luizianne para Roberto Cláudio, novamente houve lixo acumulado. A passagem de ônibus aumentou na surdina e em meio às festas de fim de ano. A festa de Réveillon da Prefeitura, marca da gestão, foi cancelada. Houve obras, como Cuca, inaugurada sem estar pronta, longe disso. E um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado no apagar das luzes, que permitia a construção de condomínio na área de dunas no Cocó.

Assim como Luizianne fez em relação a Juraci, o ciclo de Roberto Cláudio começou com muitas acusações contra a situação encontrada, o rombo no caixa, as dívidas em aberto, as obras paradas e os problemas de descontinuidade. Será que ao menos uma vez pode não ser assim?

O problema nem é Evandro Leitão (PT) denunciar a situação que recebe de José Sarto (PDT). É do jogo. Negativo mesmo é ele ter razão.

O caixa da Prefeitura

Principal aliado de Sarto, o ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) tem sido muito crítico da situação das contas estaduais desde o ano passado. Fez observações pertinentes e, depois de algumas, coincidência ou não o governo tomou providências para resolver os problemas apontados. A mais recente crítica de RC à situação das contas estaduais foi na semana passada. Porém, talvez ele devesse olhar também para a condição em que está a Prefeitura de Fortaleza, do aliado Sarto.

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