Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
As muitas forças que trabalham contra o pacote, inclusive dentro do governo, e a falta de convicção de que o ajuste irá acontecer de verdade levam à disparada do dólar e à queda da Bolsa. Se a crise cambial não for controlada, poderá implodir o governo
O governo Lula (PT) sofre pressão de muitos lados por corte de gastos, mas ninguém quer pagar pelo cobrado ajuste fiscal. O Congresso Nacional tem perfil, alardeado por Arthur Lira (PP-AL) e muitos líderes, de inclinação liberal e a favor de uma condução econômica equilibrada. Mas, quando o governo propôs possibilidade de bloqueio de emendas parlamentares para cumprir a meta fiscal, os deputados ficaram contra. Também não aceitaram quando o governo propôs diminuir o reajuste do fundo partidário.
Diante da proposta do governo de impor limite aos supersalários, membros do Poder Judiciário e Ministério Público — alguns dos contracheques mais opulentos — logo reagiram, com o temor de que pode sair mais caro para o governo. Afinal, argumentam, se magistrados e procuradores receberem apenas os maiores salários do serviço público e nada mais que isso, coitados, muitos vão querer se aposentar o quanto antes. Claramente a preocupação real é essa mesmo, e não um subterfúgio para fazer parecer que o problema não seria para eles, mas para o erário.
Os militares também não gostaram de serem afetados. Em resumo, há um monte de gente pedindo corte de gastos, mas ninguém quer que mexam com o próprio bolso.
A coisa se complica porque o governo, o partido do governo e destacados apoiadores também não querem o ajuste. Quem quer é o Fernando Haddad (PT), ministro da Fazenda, e um punhado de pessoas. O governo mesmo não quer e não faz força para aprovar as medidas. São propostas duras, que demandariam, para ser aprovadas como propostas, uma energia que não existe.
As muitas forças que trabalham contra o pacote, inclusive dentro do governo, e a falta de convicção de que o ajuste irá acontecer de verdade levam à disparada do dólar e à queda da Bolsa. Há muitos efeitos envolvidos e o principal é inflação. Juros também sobem. Se a crise cambial não for controlada, poderá implodir o governo.
Qual a palavra em alemão para o rompimento da aliança governista no Ceará?
A Sociedade da Língua Alemã todo ano escolhe a palavra do ano. Em 2024, a escolhida teve tom bem político, e bem se encaixaria nem só neste ano, mas nos últimos dois anos no Ceará.
A palavra é Ampel-Aus. Trata-se de uma definição para a presente dissolução da coalizão governista. A construção linguística significa "fim do semáforo". Na Alemanha, costuma-se chamar as alianças políticas com base nas cores dos partidos que as integram. Desde 2021, a Alemanha era governada pela coalizão entre Partido Social Democrata (SPD, vermelho), Partido Liberal-Democrático (FDP, amarelo) e Partido Verde. Daí o semáforo. Em novembro, o FDP deixou o governo. Ampel-Aus — fim do semáforo — refere-se a isso.
Em 2022, a aliança entre o vermelho petista e o amarelo pedetista se desfez. Neste fim de 2024, quase ia outro amarelo — o PSB. A coligação cearense tem seus verdes — o MDB, além do PV, em federação com o PT. Ainda há PSD, Republicanos, PP, Podemos, Psol, PCdoB... A política brasileira tem mais cores do que cabem num semáforo.
Luís Fernando Veríssimo diz que há uma palavra comprida em alemão para qualquer coisa. Germanófonos poderiam dizer qual palavra comprida em alemão define a política do Ceará?
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