Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
O governador Elmano de Freitas, no intervalo de poucas horas, foi para a posse de Onélia no TCE, depois para a diplomação de Evandro e ainda sancionou o projeto dos agrotóxicos em tempo recorde
A tarde de quinta-feira, 19, foi frenética na política cearense. Evandro Leitão (PT), Gabriella Aguiar (PSD) e os vereadores eleitos foram diplomados, no que costuma ser o momento de maior visibilidade nessa época nos municípios pelo Brasil. Por aqui, as atenções se dividiram entre a posse, pouco antes, de Onélia Santana como conselheira do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Quase simultaneamente, a Assembleia Legislativa aprovava o projeto de lei da pulverização de agrotóxicos por drone.
A indicação de Onélia e a votação da proposta foram dois episódios, diria eufemisticamente, de muita repercussão — e nem sempre das mais positivas. Foram momentos, também, em que houve esforço para resolver tudo o mais ligeiro possível. Na tarde de quinta, atenções se dividiram. Não sei quem ofuscou quem.
O governador Elmano de Freitas (PT), no intervalo de poucas horas, foi para a posse, depois para a diplomação, e ainda teve tempo para sancionar o projeto dos agrotóxicos em tempo recorde. Uma tarde em que trabalhou muito. Se foi produtiva é um juízo de valor.
A posição do governador
Das ações do governo Elmano até aqui, talvez nenhuma seja tão surpreendente quanto aprovar a mudança num projeto do qual ele próprio era coautor, num assunto ao qual ele é historicamente ligado. Governar exige conciliar interesses, mas esse, em particular, surpreende aos que conhecem o governador há mais tempo. O cargo que Elmano ocupa exige mediação, mas a impressão entre velhos aliados é de que ele negociou o que entendiam ser inegociável para ele.
A velocidade com que as decisões se deram indica que foi grande o poder de convencimento em relação ao governador. Principalmente porque o debate no Poder Legislativo foi pouco e rápido. A proibição da pulverização aérea foi proposta em 2015, aprovada em dezembro de 2018 e sancionada em janeiro do ano seguinte.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) chegou a questionar a constitucionalidade da proibição no Supremo Tribunal Federal (STF), mas a ação foi rejeitada em 2023. Então, as tratativas retornaram ao âmbito estadual, com muitas forças e interesses envolvidos.
É razoável a reivindicação de uma discussão técnica sobre o assunto, mas ela não passou pelo Poder Legislativo. O rito foi atropelado. Uma procuradora e quatro promotores chegaram a ir à Assembleia conversar com os deputados e pedir mais debate. Foram ignorados.
Seria menos surpreendente que Elmano tivesse concordado, na negociação com o agronegócio, em reabrir o debate e fazer a discussão técnica. Seria bastante razoável. Não sei até que ponto ele próprio não quis resolver o quanto antes. (Sempre se aposta na memória curta do público, certamente além do que se deveria.) De todos os governadores na história, de nenhum a decisão seria tão inesperada.
Gestores do meio ambiente
Tudo bem que o debate foi pouco e apressado, mas chamou atenção a falta de participação nas discussões, ao menos publicamente, da secretária do Meio Ambiente do Estado, Vilma Freire. Aliás, o comando da pasta no governo Elmano chama atenção, pois o governador tem muita relação com a área, mas essa não é a origem da secretária e dos principais auxiliares. Vilma é conterrânea de Elmano, natural de Baturité, e tem trajetória na Agência de Defesa Agropecuária do Estado (Adagri), de onde saiu também o secretário executivo de Planejamento e Gestão Interna, Gustavo Vicentino, que foi assessor jurídico e diretor de planejamento e gestão. O secretário executivo é Fernando Bezerra, que se notabilizou na área de trânsito, como gestor da antiga Ettusa, quando o prefeito era Juraci Magalhães, e da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC) na época de Luizianne Lins (PT) na Prefeitura.
Nenhum deles tem histórico de atuação na área de meio ambiente.
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