Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Se o secretariado de Evandro Leitão (PT) é bom ou ruim a gente saberá pelos resultados. Há muita gente que, na teoria, seria excelente, mas não funciona. E tem a pessoa de quem não se espera grande coisa, mas, nem que seja pela vaidade, acaba mostrando serviço. Às vezes, faltam condições políticas ou orçamento — não basta bom gestor para haver uma boa gestão, ainda mais numa secretaria. A equipe montada é, em grande parte, experiente. E tem a cara do prefeito eleito. O secretariado de Evandro pode até não ser bom, mas a equipe tem personalidade.
Nas principais funções, o prefeito colocou uma cota pessoal de tempo de estrada ao lado dele e muita confiança. O secretário de Governo, Júnior Castro (PT), é um aliado político pessoal, não apenas partidário. O chefe de gabinete, Eudes Bringel (PSD), o articulador político, Tibério Burlamaqui, e o secretário do Urbanismo e Meio Ambiente, João Vicente Leitão, trabalham com ele há bastante tempo, desde antes da Assembleia Legislativa.
Da equipe do Legislativo, aliás, ele leva o procurador-geral do Município, Hélio Leitão, e a controladora e ouvidora Silvia Correia Vidal.
Há um núcleo que orbita ao redor do prefeito que costuma mesmo ser de pessoas de confiança. Interessante notar que Evandro incluiu aí o Urbanismo e Meio Ambiente. Muito governante costuma puxar para si a área de obras, por onde sai a maior parte dos investimentos mais visíveis. O prefeito eleito parece ter dado maior atenção não às obras pública, mas a quem irá autorizar obras privadas e investimentos pela cidade. Trata-se da maior fonte de pressão sobre o prefeito. Uma área delicada e que envolve a interlocução com o grande capital na cidade. Não é sem razão que ele coloca uma pessoa próxima, ainda que sem formação ou perfil específicos para a função.
Diferenças
Quando falo que a equipe de Evandro tem a cara do prefeito eleito, é uma diferença em relação ao secretariado do começo do governo Elmano de Freitas (PT). O primeiro escalão estadual, anunciado há dois anos, tinha 17 secretários que já vinham do governo Camilo Santana/Izolda Cela. Vários deles foram remanejados de área, alguns seguiram na mesma secretaria e cinco eram do segundo escalão das pastas e foram promovidos. Inclusive pastas fundamentais: Segurança, Saúde, Educação, Fazenda e Procuradoria Geral. O governo Elmano tinha muito mais a cara de Camilo do que tem a gestão Evandro.
Claro, há uma diferença fundamental: Elmano faz um governo de continuidade. Evandro, não. Ele é um opositor que chega ao poder em Fortaleza. Ele tem tem uma gestão aliada como ponto de partida. Além disso, nas recentes mudanças, o governador colocou mais a cara dele na gestão.
Não significa que seja necessariamente bom, mas o gestor tem de ter uma equipe com a qual se identifique. Para dar certo ou dar errado, o time é de quem for eleito para governar. É ele quem será cobrado.
O bom debate do IJF
O prefeito José Sarto (PDT) falou dos custos do IJF e sugeriu que o hospital deve ser estadualizado ou federalizado. O debate é bom. O hospital custa demais, atende o Estado todo. Fortaleza tem uma rede de saúde municipal desproporcional, quando se compara a outras capitais. Porém, há de se separar as coisas. Não é isso que justifica o recente colapso com falta até de comida para pacientes. As coisas vinham funcionando e desandaram agora.
Não custa lembrar, um aliado de Sarto, o ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT), inclusive ampliou o hospital, com o “IJF 2”. Obra necessária e importante, aliás. E a Prefeitura tira ganho político daí. O próprio Sarto batia no peito até outro dia para dizer que "Fortaleza carrega a saúde do Ceará nas costas".
O prefeito disse que Evandro deveria cobrar do governador orçamento para o IJF. Mas, também não lembro de Sarto, durante dois anos de mandato, fazer qualquer cobrança pública. Nem Roberto Cláudio por oito anos. A cobrança só veio quando a aliança acabou.
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