Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Prefeitos acabaram de tomar posse e reclamam da situação financeira recebida dos antecessores. Empréstimos volumosos com prestações pesadas que vencem agora. Contas que deixaram de ser pagas. Nos dois maiores municípios, as queixas igualmente maiores. O prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão (PT), projeta que receberá algo de R$ 2 bilhões em dívidas do ex-prefeito José Sarto (PDT). O prefeito de Caucaia, Naumi Amorim (PSD), apontou perto de R$ 700 milhões em pagamentos devidos deixados por Vitor Valim (PSB). Mais que a Mega da Virada, e quantia que, segundo ele, pode subir e se aproximar de R$ 1 bilhão.
Valim rebateu e aliados de Sarto também dizem que a situação não seria exatamente como a nova gestão reclama. Gestor de oposição, ao assumir, sempre irá reclamar. Pode ter mais ou menos razão. Fato é que, nos dois casos, os problemas já haviam estourado antes de as gestões anteriores terminarem.
O fato é que ex-prefeitos caem no mais previsível dos desgastes. Evandro e Naumi se queixavam de falta de acesso a informações. Atitude infantil de quem estava no poder. Agora, os novos prefeitos estão empossados e com acesso irrestrito. Agora, têm espaço e visibilidade para criticar a valer.
Eu, se fosse passar um cargo como esse a adversários, cuidaria de, antes do fim do mandato, de chamar os representantes do novo governo, convidar imprensa e apresentar o maior volume de informações possível. Mostrava o que deixa em caixa, o que havia de dívidas, a situação completa. Porque, depois que sai, o ex-prefeito vira assunto velho, café requentado, pão dormido. Perde interesse e atenção da opinião pública. As pessoas querem saber de quem agora está no cargo, com o poder e a responsabilidade de tomar decisões. Míngua até o interesse midiático em ex.
Se faz isso ainda no cargo, o futuro ex-prefeito pode explicar as dívidas, justificar as razões dos empréstimos que agora precisam ser pagos. Tem certo nível de domínio das informações e da narrativa, agora totalmente nas mãos dos sucessores.
Claro, para abrir os dados, é necessário o mínimo de convicção de que as informações não serão comprometedoras. Porém, de todo modo, logo todas as informações estarão nas mãos de adversários. Melhor, então, tornar tudo público antes de sair do palco.
O pique de Evandro
Entre reunião de secretariado e apresentação de dados da gestão, o prefeito Evandro Leitão começa a gestão em ritmo intenso. No sábado, pegou aliados e foi percorrer bairros, ver a cidade e as pessoas. Era algo que ele prometeu em campanha e depois de eleito. Faz bem. É importante estar sintonizado com a vida real e ouvir o que a população tem a dizer. Esse sentimento de presença contrasta com a impressão que o ex-prefeito Sarto deixou, seja justo ou não, principalmente na primeira metade do mandato. A saber se o prefeito manterá o pique e o ritmo dos primeiros dias.
Importante, também, que não seja apenas pirotecnia, mas propicie aos gestores e auxiliares o contato com a realidade das ruas. Principalmente com o avançar da gestão, a tendência é evitar cada vez mais os problemas e apresentar, inclusive ao prefeito, o que há de bom e não o que precisa ser resolvido.
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