Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
As eleições das mesas diretoras do Senado e da Câmara dos Deputados atestam, no momento de polarização política, que a força dominante em Brasília é o centrão. Não tem força ou coesão para eleger um presidente da República, mas todos os presidentes eleitos desde a redemocratização dependem dos parlamentares desse campo. Não à toa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e Hugo Motta (Republicanos-PB) tiveram apoio tanto de petistas quanto de bolsonaristas. Não são os candidatos dos sonhos nem de um lado nem de outro, mas foram o que se viabilizaram.
O centrão sempre esteve por ali, às vezes diluído, em outras ocasiões mais organizado, como foi na Constituinte e novamente de Eduardo Cunha para cá. Apesar do nome, o centrão é fundamentalmente conservador, embora precise estar aliado do poder.
Ideologicamente, não se afina com Lula e o PT. Mesmo em aliança ocasional por cargos e verbas, há má vontade. Com Jair Bolsonaro (PL) a relação era mais natural. O governo precisa dos votos no Congresso e o custo é elevado. A distribuição de cargos, eficaz no passado, não rende os mesmos frutos. Com emendas impositivas ao orçamento, o Legislativo se fortaleceu. Cobra alto para apoiar o governo e os eventuais acordos de agora dificilmente se estenderão à próxima eleição, salvo um preço muito alto.
Alcolumbre e o aceno à oposição
A chegada de Davi Alcolumbre (União Brasil) à presidência do Senado preocupa o governo Lula e anima a oposição. Estes últimos apostam, com ao menos alguma dose de razão, que os conservadores tendem a ampliar presença no Senado em 2026. Assim, para ter votos deste campo em 2027, numa eventual busca pela reeleição, Alcolumbre precisará fazer acenos e atender pleitos da direita. O governo pode ter mesmo motivo para apreensão.
A tese da oposição é de que os condenados pelos ataques promoveram vandalismo e depredação pura e simples. Candidato a presidente do Senado, o cearense Eduardo Girão (Novo) usou como exemplo a prisão de uma mulher que, segundo ele, apenas pintou de batom uma estátua, em momento que ele classificou como de “fraqueza” e “revolta”. O também senador Ciro Nogueira (PP-PI) se referiu aos presos como “inocentes úteis”.
Sobre Bolsonaro, o discurso é de que ele está inelegível apenas por ter se reunido com embaixadores. Comprem-me um bode.
Os presos do 8 de janeiro não apenas depredaram patrimônio público, não foi simples ato de vandalismo. A questão é a motivação que tiveram, a razão de terem se deslocado até Brasília com aquele objetivo. Não era alguém que passava por ali e de repente resolveu quebrar vidraças, depredar obras de arte e manchar estátua de batom. Houve ação organizada com finalidade política de atacar o Estado de direito e a democracia brasileira.
Da mesma maneira, o problema de Bolsonaro não foi apenas ter se reunido com embaixadores. A questão é o que ele fez no encontro. Não foi para comer brioches e conversar amenidades. Ele convocou representantes estrangeiros para fazer ataques, perante o mundo, ao sistema eleitoral brasileiro. Isso é bastante grave.
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