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Evandro faz estudo para mudanças na mobilidade
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Evandro faz estudo para mudanças na mobilidade

A sinalização mais clara de Evandro até agora, a pedido dos lojistas, é retirar as extensões de calçadas para pedestres das ruas Floriano Peixoto e Barão do Rio Branco e colocar estacionamentos Zona Azul
Tipo Opinião
Projeto Calçadas Vivas na rua Floriano Peixoto, no Centro, implantado em 2021 (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita Projeto Calçadas Vivas na rua Floriano Peixoto, no Centro, implantado em 2021

A Prefeitura de Fortaleza faz estudo sobre as políticas de mobilidade. O prefeito Evandro Leitão (PT) evita antecipar conclusões e fala não haver definições. “Ainda não, não tem nada definido. O que nós estamos é fazendo estudo na questão da mobilidade em Fortaleza”. Sobre o possível fim de corredores de ônibus, Evandro disse apenas: “Não passa de especulações”. Ele assegurou: “Tudo que a gente for fazer, a gente vai dialogar com a sociedade, com as pessoas”. Sobre mudanças na avenida Bezerra de Menezes, disse também estarem em estudos. Na campanha, o prefeito falou em reduzir as duas faixas para uma faixa só. Outra promessa a ser implantada, confirma o prefeito, é o corredor para motos.

O conceito de mobilidade da gestão Evandro ainda não está evidenciado. Essa foi a principal marca positiva do ciclo anterior. Principalmente a gestão de Roberto Cláudio (PDT). Adversário de Evandro no segundo turno, André Fernandes (PL) tinha propósito claro de desfazer alguns marcos da gestão pedetista no trânsito, principalmente tirar ciclofaixas e corredores de ônibus, além de zona azul. Apesar disso, teve apoio de RC no 2º turno e de alguns dos mais relevantes aliados do ex-prefeito José Sarto (PDT).

Calçadas e carros no Centro

A sinalização mais clara de Evandro até agora, a pedido dos lojistas, é retirar as extensões para pedestres de calçadas das ruas Floriano Peixoto e Barão do Rio Branco e colocar estacionamentos Zona Azul. Embora impopular para motoristas — ninguém gosta de pagar — é uma política importante, principalmente em áreas de comércio e serviços, onde os negócios precisam de rotatividade. A franquia da primeira hora seria uma medida que me parece interessante, tanto para atrair frequentadores quanto para estimular a não ficarem mais tempo.

O prefeito cita dados da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) segundo a qual a quantidade de frequentadores diários do Centro caiu de 350 mil pessoas antes da pandemia para 190 mil pessoas. “Se está diminuindo a quantidade de pedestres, por que aumentar o espaço?’, argumentou o prefeito.

Para onde se caminha

Comerciantes costumam pedir mais espaço para carro, muito de olho nos próprios hábitos e menos nos clientes. Não sei qual o pleito para linhas de ônibus, qualidade das paradas. O fato é que as calçadas do Centro são estreitas e, não raro, obstruídas. Mesmo com a extensão das calçadas, andar pelo Centro é desconfortável. Parece-me um pleito muito mais adequado para a área transformar as extensões improvisadas de calçada em calçadões de verdade, com amplos passeios para atrair as pessoas.

Até porque é ilusão acreditar que haverá impacto real ao liberar o espaço de alguns poucos quarteirões em duas ruas para estacionamento. Um punhado de gente vai conseguir de fato estacionar, mesmo com rotatividade. O sujeito não sairá de casa sabendo que irá encontrar vaga lá, porque não era assim poucos anos atrás, antes do prolongamento das calçadas. A priorização de pedestres, para tornar o espaço mais convidativo, parece-me atender a muito mais gente.

Mas, empresários e gestores que só andam de carro têm dificuldade em ter a visão não-rodoviarista. Carro é veículo individualista e motorista costuma ser predatório e pouco solidário a outros modais. Quer a cidade desenhada para ele. Outro dia, em um Uber, ouvir queixas sobre a ciclofaixa na avenida Borges de Melo — via onde o espaço ocioso era evidente e a ciclofaixa se encaixou com maior naturalidade.
Em Sobral, lojistas pediram a mesma coisa e o prefeito Oscar Rodrigues (União Brasil) iniciou a gestão ao liberar vagas para estacionamento. Fez uma diferença medonha.

Os estudos da Prefeitura precisam ter consistência técnica e conduzidos por pessoas de cabeça arejada e avançada. Mais que em qualquer outra área, uma guinada na mobilidade pode fazer Fortaleza viver retrocesso.

Foto do Érico Firmo

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